segunda-feira, 30 de agosto de 2010

ICE WINE CADA VEZ MAIS PERTO


COLHEITA NOTURNA DAS UVAS PARA ICEWINE

Quando viajei pela primeira vez pela Nova Zelândia, na vinícola Mills Reef, na Ilha Norte, fui recebido pelo Diretor Geral que em um grand finale pomposamente serviu um cálice de icewine, o nectar maior de sua produção. Nesta época, o icewine não era mais do que um raridade, uma especiaria que se servia para pessoas importantes, em ocasiões especiais.

Anos depois, tive a honra de experimentar Eiswein no sul da Alemanha, em condições semelhantes.

Atualmente os icemine, Eiswein, vin du glacier ou vinho do gelo são elaborados em muitos países onde ocorre a viticultura do frio: Austrália, Áustria, Canadá, Croácia, Estados Unidos, França, Eslováquia, Eslovênia, Hong Kong, Hungria, Israel, Itália, Luxemburgo, Nova Zelândia, República Checa e Suécia.No Brasil está em curso a elaboração do primeiro vinho do gelo, sob a coordenação do enólogo e agrônomo Sancineto, na Vinícola Pericó, de São Joaquim, na serra catarinense.

Aparentemente, tem-se a falsa idéia de que a elaboração deste tipo de vinho é algo simples, bastando trabalhar com uvas congeladas.

A complicada vitivinicultura do gelo começa na preparação dos vinhedos. A altura das videiras deve formar uma cortina vegetal até cerca de 1,80 m, para garantir maior captação da insolação, e a linha de produção de cachos deve ficar pouco mais de meio metro acima do solo: folhas para cima, cachos para baixo. As folhas próximas aos cachos são totalmente eliminadas para expor os bagos de uva aos elementos de supermaturação (sol e calor).

A frutificação deve ser limitada a menos de dez cachos por planta. As uvas são deixadas nas videiras até janeiro e fevereiro, no hemisfério norte, ou junho, julho e agosto, no hemisfério sul. O raleio é drástico, com eliminação de cachos até que a produção de cada videira fique abaixo de um quilo! As bagas supermaduras vão sofrendo gradual desidratação ao longo das sucessivas mudanças de temperatura, levando as uvas a alternâncias de congelamento e descongelamento.

Quando a temperatura no vinhedo cai para –8°C, temperatura oficialmente determinada pela Vintners Quality Alliance (Canadá), a colheita pode ser iniciada. A concentração de açúcar das uvas está diretamente relacionada com a temperatura durante a colheita, fator que determina a qualidade do vinho.

As uvas congeladas são prensadas quase imediatamente, sob frio extremo, freqüentemente no meio do vinhedo, de forma a não permitir o descongelamento. Nas bagas de uva, o mosto doce não congela, enquanto que a água permanece sólida, na forma de gelo, durante a prensagem. Por isso, é possível recolher, separadas do gelo, gotas de mosto doce concentrado. O processo, como se pode concluir, implica baixíssimo rendimento.

A grande concentração de açúcar, a fermentação desse mosto dá-se muito lentamente, durante meses e se completa quando atingido aproximadamente 10 a 12% de álcool.

O Eiswein ou Icewine é o mais famoso vinho produzido pela viticultura de clima frio, cuja qualidade guarda compromisso direto com o equilíbrio entre o alto nível de acidez e a saliente concentração de açúcar. Pode também ser elaborado na forma de espumante, o Sparkling Icewine.

O vinho do gelo, preciosidade do frio, aquece nossos corpos e corações sedentos do deleite que, sabemos, vamos descobrir em seu calor.

SALTON COMEMORA OS CEM ANOS

Com as vistas esperançosas voltadas para o Brasil, Antônio Domenico Salton partiu de seu vilarejo para Gênova, porto onde viveu dias aflitivos à espera do embarque, quando sua mulher morreu de parto, deixando-o com o pequeno Giovanni Francesco. Veio com o menino para a Serra Gaúcha, em 1878, para fazer parte da história do vinho brasileiro.

Antônio fixou-se na Colônia Dona Isabel e, em 1880, casou-se com Lúcia Canei, com quem teve onze filhos, dentre eles Paulo, Luiz, Ângelo. Giuseppe, Antônio e César. No atual distrito de Tuiuty adquiriu o lote urbano de número 17 e lançou-se ao trabalho agrícola.

No raiar de 1890, o vinhedo de Tuiuty tinha produção suficiente para atender à família e sobras para comercialização. Surgia a figura dos Salton comerciantes de vinho e produtos coloniais, inicialmente pelos arredores do lote e, mais adiante, com muito sucesso, para fora dos limites da colônia.

Viveu uma grande evolução e se mudou para o centro de Bento Gonçalves, numa casa de madeira defronte à igreja de Santo Antônio. Ali instalou a Casa de Pasto, um armazém onde também se servia refeições.

Em 1910, morreu Antônio e a família, sob o comando da viuva Lúcia, deu continuidade aos negócios, inclusive expandindo-os com a abertura do Armazém Paulo Salton, registrada em nome do Paulo, com a participação informal de Luiz, Ângelo, Giuseppe, Antônio, César e Giovanni.

Próximo à matriz de Bento Gonçalves, as edificações tomaram lugar dos vinhedos, aumentado as atividades de vinificação, deixando para Tuiuty a ampliação dos vinhedos.

Paulo assumiu a administração da empresa. Ângelo cuidava da fabricação e manutenção de cubas, pipas, barris e bigúncios, Luiz, operava o transporte por carretão até o porto de Montenegro, Antônio e Cezar, integrando posteriormente a sociedade, trabalharam respectivamente, como enólogo e encarregado do moinho.

Em 1921 a empresa tornou-se Paulo Salton & Irmãos, oficializando a participação de Ângelo, Luiz, Giuseppe, Antônio e César. Os negócios prosperaram e as edificações foram ampliadas com a nova cantina.




OS IRMÃOS SALTON EM FOTO MONTAGEM HISTÓRICA -
DOIS DELES JÁ HAVIAM FALECIDO

Em 1936, a Salton tomou a decisão de ter uma representação em São Paulo, no bairro da Cantareira, criando um canal direto com a região de grande consumo nacional, consolidada em 1948.

Em 1960, com a aceitação de seus vinhos finos, passou a elaborar a linha Presidente, que era consumido no Palácio do Catete, no Rio, nos eventos da Presidência da República.

Atendendo a um aumento de consumo do nicho dos conhaques, em 1969 lançou o Conhaque Presidente, produto que teve ampla aceitação, tornando-se a locomotiva maior do progresso da empresa.

No início da década de 1980, assume como diretor presidente aquele que tornaria na figura mais emblemática do vinho brasileiro, Ângelo Salton Neto. Seguindo as tendências da época, a empresa foi direcionada para vinhos bem ao gosto brasileiro da época.

Este direcionamento impulsionou o crescimento da empresa e, em 1978, a Salton chegou ao 11º lugar entre as vinícolas, subindo em 1989 para o 8° e, em 1991, já era a terceira grande vinícola brasileira.

Na década de 1990, acompanhando o movimento brasileiro em direção ao vinho de qualidade mundial, aumentou a sua produção de vinhos finos através da linha Classic: Chardonnay e Merlot (97); Cabernet Sauvignon e Riesling Itálico (98) e Gewürztraminer (99).

O romper do ano 2000 assistiu a chegada ao segundo lugar dentre as vinícolas brasileiras e a consolidação linha de vinhos finos. Foram lançados dentro de uma linha premium, a Volpi, com os rótulos Cabernet Sauvignon, Chardonnay, Merlot , Sauvignon Blanc e Gewürztraminer. Mais tarde, foi introduzido o conceito da linha Séries, de vinhos varietais sem passagem pela madeira.

Em 2004 a Salton constrói as maiores instalações do país, em Tuiuty, com 30.000 metros quadrados de área edificada. O grande vinho aí gerado foi o Talento, corte de Cabernet Sauvignon, Merlot e Tannat. Um verdadeiro campeão!

Para coroar a seqüência, a Salton trouxe o excelente Desejo, um varietal especial da casta Merlot, o licoroso Intenso, bom para sobremesa ou charuto, além do espumante Evidence, aclamado no Brasil e no Exterior

Na história da Salton, não contávamos com o desaparecimento precoce da grande figura humana, o alegre Ângelo Salton Neto. Uma perda irreparável.

Parabéns Salton, pelos 100 anos! Que seus bons vinhos sempre nos acompanhem e nos aproximem dos melhores amigos!

domingo, 22 de agosto de 2010

A RÁPIDA ASCENÇÃO DOS VINHOS DE URUGUAI



Sebastián Delorrio, Encargado de Marketing da Filgueira Viñedos y Bodegas

A história do vinho uruguaio é bem recente. Foi por volta do ano de 1870 que um imigrante basco, Pascual Harriague, formou os primeiros vinhedos de Tannat em Salto, noroeste do país. Desse projeto e por iniciativa dele ocorreu uma difusão de vinhedos de Tannat pela região, uva que acabou ficando conhecida pelo nome de Harriague.

Na mesma época, o catalão Francisco Vidiella trouxe mudas da uva francesa Folle Noire e formou vinhedos em Colón, no sul do Uruguai. A Folle Noire foi chamada inicialmente de Peñarol porém, por força da situação, ficou com o nome de Vidiella.

Em 1883, já ocorria a primeira festa nacional da vindima, que marcou uma fase de expansão dos vinhedos até alcançarem a marca dos mil hectares, quando foram literalmente tragados pela chegada da filoxera aos vinhedos uruguaios. Foi uma freada que perdurou por muitos anos.

No início do século XX chegaram imigrantes italianos que deram novo arranque à vitivinicultura, então baseada em videiras enxertadas, resistentes à filoxera.

A área ocupada por vinhedos cresceu vigorosamente até atingir 16.000 hectares. Porém, na segunda metade do século XX, teve lugar uma gradual redução das áreas plantadas com castas inferiores, para alcançar qualidade mundial para os vinhos. Na década final, a área plantada se resumiu a cerca de 10.000 hectares, com os vinhedos de maior qualidade cultivando apenas castas nobres para vinho, eliminando as variedades menos expressivas.

Nesse período, também acontecia a transição política do Uruguai que, entre outras medidas, estava prestes a abrir-se ao mercado internacional, terminando com o protecionismo para seus produtos. No segmento da vitivinicultura estava claro que o vinho uruguaio ainda não teria condições de competir com o importado.

Em 1988, com o amparo do governo, foi iniciado um estudo das potencialidades do vinho uruguaio que contou com a contratação de uma dupla de especialistas da Califórnia.

Depois de um longo período de degustação, os consultores chegaram à conclusão que os vinhos de castas finas tradicionais não tinham tipicidade, não apresentavam qualidade suficiente e não tinham preço para enfrentar os importados.

Os consultores só não haviam degustado o Tannat porque este era um vinho elaborado rusticamente, muitas vezes cortado com Isabel e comercializado em garrafões.



Carlo Ottieri, Representante da Wines of Uruguay e
Juan Martin Borda, General Manager da Bouza

Mas o impasse estava formado. Os gringos queriam saber se não havia nada mais para se provar. Como última tentativa, Juan José Arocena, executivo da Vinos de la Cruz, escolheu um garrafão varietal de Tannat, preencheu umas garrafas normais e, mesmo sem convicção, entregou para degustação. Estava descoberto o Tannat uruguaio em 1989!

Na época, o problema do Tannat era resultado das péssimas condições de vinificação. Daí para a frente desenvolveu-se um programa de vinificação correta do Tannat que foi apresentando evolução efetiva na qualidade do vinho. A década de 1990 marcou a grande evolução do Tannat que se revelou como a versão uruguaia para a vaiedade e deu destaque aos demais vinhos do país no exterior.

Na primeira vez que, a convite de vinícolas uruguaias, visitei empreendimentos uruguaios, em 2002, minha intenção era tirar a prova dos nove dos muitos rótulos de Tannat, respeitando a hierarquia de preços e considerando a relação custo-qualidade ou custo-satisfação para cada nível. Foi possível armar uma pirâmide de qualificação dos vinhos, com alguns exemplos de ultra premium ou ícones.



Chardonnay Reserva 2006 - Filgueira - 9 meses de carvalho - R$ 39,15 na Decanter

Desta época para cá, muitas vinícolas novas entraram mais efetivamente em cena e hoje o vinho uruguaio tem grande expressão internacional. Basta degustar vinhos modernos como os da Bouza e da Filgueira.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

CONFRARIA DOS SOMMELIERS - CONFRONTO DÃO X BAIRRADA



O encontro foi no dia 12 de agosto p.p., nas instalações da Escola Miolo de Degustação, em São Paulo, reunindo os membros da Confraria para os quais foram colocadas 10 amostras de vinhos tintos do Dão e da Bairrada para mais uma degustação às cegas.



Com degustadores e sommeliers de alto nível, as amostras foram divididas em dois grupos de cinco e o seguinte resultado expressou a média das avaliações:

1º lugar – amostra 6 – 88 pontos: Quinta do Valdoeiro Colheita, 2007, Bairrada – verietal de Touriga Nacional – Casa Flora.

2º lugar – amostra 10 – 87,30 pontos: Boas Vinhas, 2008, Dão – Ravin

3º lugar – amostra 9 – 86,74 pontos: Colinas de São Lourenço, Prived Collectum, 2006, Bairrada – corte de Baga, Merlot e Touriga Nacional – Grand Cru.

4º lugar – amostra 8 – 85,64 pontos: Quinta das Bágeiras, Garrafeira, 2005, Bairrada – corte Baga e Touriga Nacional – Premiun Wines

5º lugar – amostra 5 – 85,50 pontos: Quinta dos Roques Reserva, 2003, Dão – Decanter

6º lugar – amostra 4 – 85,36 pontos: Estremuas, 2005, Dão – corte de Touriga Nacional, Alfrocheiro, Jaen e Tinta Roriz – Grand Cru

7º lugar – amostra 3 – 85 pontos: Quinta do Penedo, 2006, Dão – corte de Touriga Nacional e Alfrocheiro – Casa Flora.

8º lugar – amostra 7 – 84,95 pontos: Casa de Saima, Garrafeira, 2001, Bairrada – corte com 95% de Baga – Decanter

9º lugar – amostra 1 – 84,91 pontos: Follies, Avelleda, 2007, Bairrada – Touriga Nacional – Interfood

10º lugar – amostra 2 – 84,36 pontos: Quinta dos Carvalhais, Colheita, 2006 – corte deTouriga Nacional, Alfrocheiro e Tinta Roriz – Zahil



Cesar, o escrivão-mór da Confraria, recolhe as notas e
faz a tabulação e classificação

Em linhas gerais, os vinhos mostraram bem as características de cor, aromas, corpo e acidez dos vinhos portugueses do Dão ou da Bairrada.

As notas poderiam, de um modo geral, ser aumentadas em cerca de dois pontos para mais porque a ficha de degustação impõe excesso de rigor em alguns aspectos de análise.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

OS BENEFÍCIOS DO VINHO...

Estudos de um lado e amantes do vinho do outro, há uma convergência em torno dos seguintes tratamentos enoterápicos:

Alergias................... Médoc ............................ 1 copo/ dia

Anemia.....................Graves ............................ 4 copos

Arteriosclerose............ Moscato........................... 4 copos

Bronquite...Borgonha ou Bordeaux + açúcar e canela....... 3 copos

Constipação ............. Anjou blanc ou Vouvray ............. 4 copos

Afecçõescoronárias ....... Champanhe seco .................... 4 copos

Diarréia ............... Beaujolais Nouveau ................. 4 copos

Febre .................... Champanhe seco .................... 1 garrafa

Coração .............. Borgonha, Santenay rouge ............. 2 copos

Gota .................. Sancerre, Pouilly Fumé .............. 4 copos

Hipertensão .............. Alsace, Sancerre .................. 4 copos

Transtornos da menopausa ... Saint Emilion .................. 4 copos

Depressão nervosa ............. Médoc ........................ 4 copos

Obesidade ................... Bourgogne ...................... 4 copos

Obesidade severa ......... Rosé de Provence................... 1 garrafa

Reumatismo ...................Champanhe ..................... 4 copos

Emagrecimento anormal ..... Côte de Beaune.................... 4 copos

Fígado preguiçoso .........Champagne seco ............... 4 copos

Transtornos renais/Cálculos..Chardonnay ...................... 4/2 copos

(terá que ver o que é mais caro, os remedios ou o vinho...)

Média de vida humana:

- 59 anos para quem bebe água

- 65 anos para quem bebe vinho

- 87% dos centenários são bebedores de vinho

SAFRA BRASILEIRA DE 2010 COMEÇA A SER AVALIADA

São 87 enólogos arregimentados em todo o Brasil que estarão avaliando os vinhos de 16de agosto a 3 de setembro no Laboratório de Análise Sensorial da Embrapa Uva e Vinho, de Bento Gonçalves, RS.

A degustação realizada por este grande grupo vai selecionar das 261 amostras inscritas na 18ª Avaliação Nacional de Vinhos, 30% das amostras para destaque. As 261amostras e os 87 enólogos foram divididos em três grupos, ou seja, cada grupo de 29 profissionais avaliará 87 amostras.

Com apoio técnico da Embrapa Uva e Vinho, a degustação irá trabalhar às cegas, seguindo normas internacionais específicas. As 261 amostras foram inscritas por 55 vinícolas instaladas em regiões produtoras de sete estados brasileiros - Bahia (3), Minas Gerais (5), Paraná (1), Pernambuco (6), Rio Grande do Sul (232), Santa Catarina (12) e São Paulo (2). Com esta representatividade, a Avaliação cumpre seu papel de avaliar a produção vitivinícola brasileira.

As amostras foram coletadas diretamente nas vinícolas no mês de julho, segundo normas para evitar qualquer tipo de manipulação. Elas estarão sendo analisadas em diferentes categorias, sendo elas: Branco Fino Seco Não Aromático, Branco Fino Seco Aromático, Rosé Seco, Tinto Fino Seco, Tinto Fino Seco Jovem e Vinho Base para Espumante.

A divulgação da relação dos 30% representativos da Safra 2010, entre eles as 16 amostras selecionadas, acontecerá no dia 25 de setembro, na presença de mais de 750 apreciadores de vinho. As inscrições para participação no evento abrem no dia 23 de agosto e podem ser feitas através do site www.enologia.org.br.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

VERTICAL SANTA EMA CATALINA NO FASANO



Andrés Sanhueza R. - Chief Winemaker da Viña Santa Ema

No dia 9 de agosto último, no restaurante Fasano, São Paulo, a Viña Santa Ema realizou uma degustação vertical do seu rótulo ícone Catalina Gran Reserva Premium, um corte de características bordalesas.

A degustação foi conduzida pelo enólogo chefe da Santa Ema, Andrés Sanhueza, que, à medida que as safras foram degustadas, explicou as particularidades de cada uma: 1998, 2001, 2003, 2005, 2006 e 2007.



O serviço de vinho foi coordenado pelo Manoel Beato, simplesmente o maior sommelier brasileiro.

Os vinhedos da Santa Ema são antigos: os de Cabernet Sauvignon e de Merlot têm 40 anos, os de Cabernet Franc têm 35 anos e o de Carmenère, mais novo, 15 anos.

Como trabalho de enologia, cada variedade é vinificada e passa 10 meses em barricas de carvalho francês, período no qual se faz um acompanhamento da evolução individual. As evoluções dos vinhos são avaliadas e interferem na hora de se estabelecer a composição varietal do corte. Uma vez cortado, o viho passa mais 4 meses em barricas de carvalho francês, também de primeiro uso.

O Catalina 1998 tem composição diferente dos demais, porque fez parte de uma seqüência de aplicação de um corte bem bordalês, com 70% de Cabernet Sauvignon, 15% de Merlot e 15%¨de Cabernet Franc. Com uma cor ainda bem marcante, reflexos levemente atijolados, apresenta um nariz muito elegante em uma mescla de café, caixa de charutos e ameixa preta. Na boca um toque mineral trazido do solo, café e ameixa, taninos redondos e acidez muito agradável. Corpo médio e retrogosto muito bom.



Catalina Gran Reserva Premium 1998 - campeão da noite - rótulo assinado pelo Enólogo.

O Catalina 2001 tem composição dentro de uma nova proposta enológica que substituiu o Merlot pelo Carmenère, cuja colheita mais tarde, permite alcançar uvas de grande qualidade e vinho de grande expressão. Assim, o corte passou à seguinte composição média: 75% de Cabernet Sauvignon, 18% de Carmenère e 7% de Cabernet Franc. Cor intensa, nariz apimentado, com tons de erva doce, ameixa preta e azeitona verde. Boca mais taninosa, embora bem agradável, com predominância de ameixa preta e pimenta negra, acidez muito equilibrada, corpo médio e final de boca longo e muito bom.

O Catalina 2003, com aproximadamente a mesma composição do 2001, mostrava-se bem colorido. O nariz foi abafado por um tom de madeira do tipo armário fechado que não se mostrou atraente. Na boca, além da aspereza, o toque de armário de madeira fechou sobre as frutas pretas e o apimentado que tentavam submergir. Taninos não totalmente amadurecidos.

O Catalina 2005, mesmo corte, cor mais forte, nariz complexo com sutis toque cítricos, erva-doce, cassis e ameixa preta. Na boca era sensível uma adstringência mais presente, embora muito interessante e apropriada, muito redondo com um frutado de cereja e ameixa preta, acidez correta e final de boca muitíssimo agradável.

O Catalina 2006, mesmo corte, cor escura, nariz mesclando cassis e pimenta negra, toque de grafite. Na boca um leve amargor como ponto de desconforto. Tânico e de acidez equilibrada.

O Catalina 2007, mesmo corte, cor escura, nariz de frutas pretas maduras, toque apimentado. Na boca, mais ameixa preta, leve pimentão verde, taninos incisivos porém agradáveis, acidez viva e apropriada para a idade. Persistente.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

DECANTER WINE SHOW 2010 - SÃO PAULO

Foi no Grand Hyatt, São Paulo, nos dias 3 e 4 de agosto, que a Decanter promoveu o seu Wine Show 2010, com presença de mais de 70 expositores de várias partes do mundo, recebendo visita de mais de 1.500 pessoas. Coisas que o Adolar é mestre em realizar!

Não é possível comentar os mais de 450 rótulos que foram servidos pelos expositores da França, Portugal, Itália, Espanha, Uruguai, Chile, Argentina, Alemanha, Austrália, Hungria, África do Sul e Brasil.

Alguns produtores acabaram se destacando.

A Alemanha estava representada por três produtores: Franz Künstler, Grans-Fassian e Hermann Dönnhoff. A coleção de Riesling excepcionais fizeram com que muitos visitantes se detivessem por um bom tempo degustando, por exemplo, o Riesling Kabinett Trocken Hochheimer Hölle 2008 (R$ 105,45)- Franz Künstler, um verdadeiro néctar; o Riesling Auslese Trittenheimer Apoheke 2007 (R$ 207,95) - Grans-Fassian, um ícone indiscutível e imperdível; o Riesling Schlossböckenlheimer Felsenberg Trocken 2008 (R$ 164,00)- Hermann Dönnhoff, um vinho para se tomar de joelhos!



O Uruguai simplesmente encantou os degustadores que visitaram os dois expositores. A Bouza Bodega Boutique em sua pequena área de 18 hectares de vinhedos na região de Montevideo, trabalha com colheita seletiva manual, baixa produtividade por videira e alta qualidade dos vinhos. Dentre os vinhos servidos, o branco Albariño 2009 mostrou-se perfeito na tipicidade desta varietal. Dos tintos, o Tannat A8 Parcela Única 2007 é um soberbo varietal, que põe a tremer todos os produtores franceses do Madiran; o ícone Monte Vide Eu 2006 revela toda a criatividade do enólogo ao montar o assemblage de Tannat, Merlot e Tempranillo – imperdível !!!



A outra uruguaia, Filgueira Viñedos & Bodega, possui uma área de 46 hectares de vinhedos em Canelones, região de Montevideo, nos quais executa somente trabalhos manuais e opera com produtividade reduzida para obter uvas concentradas e vinhos superiores. O que mais me chamou a atenção foi o Chardonnay Reserva 2006, com 9 meses de elaboração em barricas francesas, a partir das quais é engarrafado diretamente. Um néctar disparado! O melhor Chardonnay que tomei nos últimos tempos. Entre os tintos, o Enigma 2006 é um Tannat bem típico, que preenche agradavelmente a boca, enquanto que o Estirpe Super Premium 2005 é um vinho de presença destacada com sua composição de Cabernet Sauvignon, Merlot, Cabernet Franc e Syrah. Este também não se pode perder.

Como a conversa pode ir longe, deixo outros países para um próximo módulo.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

DAL PIZZOL COMEMORA OS 35 ANOS



Foto: Carlos Ben

A Dal Pizzol tem história no seio da indústria vinícola brasileira. Enquanto era mais fácil produzir vinhos rústicos de qualidade supeita, o senhor Atilio Dal Pizzol lançou-se no cultivo de uvas finas e na elaboração de vinhos finos. O vinho Do Lugar Cabernet Franc foi um dos primeiros ícones do vinho nacional que teve continuidade.

Atualmente tocada pelos irmão Antônio e Rinaldo, a vinícola continua fiel às suas raízes e está sempre a oferecer vinhos finos produzidos em circunstâncias de uma vinícola butique, na verdade a primeira do gênero no país.

A cada cinco anos de lutas e vitórias a Dal Pizzol Vinhos Finos nos brinda com uma edição especial e, neste ano, os 35 anos foram materializados no vinho comemorativo Dal Pizzol 35 anos, safra 2005, 13° de álccol, um assemblage top de quatro castas: Cabernet Sauvignon (45%), Merlot (35%), Cabernet Franc (10%) e Ancellotta (10%).

Com rótulo personalizado, garrafa e embalagem diferenciadas, o vinho expressa toda sabedoria adquirida ao longo dessas três décadas e meia.

Em apenas dois meses, mais de 80% de uma produção exclusiva de 3.350 garrafas já foi comercializada, restando perto de 600 garrafas disponíveis para o consumidor,podendo ser encontrado apenas em lojas, delicatessens e na própria vinícola.

O vinho apresenta coloração vermelho púrpura e reflexos rubi intenso. Com aromas finos e complexos em perfeita harmonia, mescla frutas vermelhas com especiarias (ameixas secas, mirtilo e canela). No paladar, mostra-se um vinho robusto, com bom volume de boca, corpo pleno, persistência média-longa, harmônica, amplo, com taninos maduros e elegantes.

Indicado para acompanhar pratos condimentados, carnes vermelhas e exóticas, caças, aves, massas com molho a base de carnes e queijos tipo chedar, colonial, parmesão, roquefort e grana, sugere-se degustar o Dal Pizzol 35 Anos na temperatura entre 16º e 20ºC. Para melhor apreciação de suas características, aconselha-se decantar de 30 a 90 minutos antes de servir, a fim de maximizar o bouquet.

Se voce ama vinhos distintos, corra comprar a sua garrafa!

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

VIÑA LAS PERDICES - VALE A PENA CONHECER



Em 1952 uma família da Andalucia, no sul da Espanha, resolveu imigrar para a Argentina, especialmente para Mendoza, em busca de novos horizontes.

Don Juan Muñoz López, que coordenou essa mudança, e os demais membros da família, traziam consigo a paixão pela terra, pela atividade vitivinícola e pelos desafios do amadurecimento correto de vinhos finos.

Uma vez na região de Mendoza, Muñoz Lopez escolheu terras para iniciar o cultivo dos seus vinhedos e produzir seu próprio vinho. Percorrendo a propriedade e os seus arredores ficou impressionado com a quantidade de perdizes que ali viviam.

O trabalho de formação de vinhedos e construção da adega levou um tempo em que não se cansava de admirar as belas plumagens e o porte elegante das perdizes. No final, não teve dúvidas, deu a sua vinícola o nome de Viña las Perdices.

A Viña Las Perdices está localizada nas fraldas dos Andes, a uma altitude de pouco mais de 1.000 metros, em Agrelo, Lujan de Cuyo, que constitui a primeira denominação de origem controlada da Agentina. Conta com mais de 85 hectares de vinhedos, de variada idade, as mais velhas com 30 anos.

A colheita é realizada manualmente e o transporte das uvas se faz em pequenas caixas de 17 kg, que garantem a qualidade e a integridade da matéria prima que alimenta a adega.

A adega segue o estilo de arquitetura tradicional da região de Mendoza desde os princípos do século XX, e abriga alta tecnologia e equipamentos de última geração, onde se destacam tancagem em aço inoxidável com capacidade total de 1 milhão de litros e um enorme plantel de barricas de carvalho francês e americano.

Depois de passar pela prensagem, ocorre a maceração a frio, antes da fermentação, que se sucede sob temperatura controlada e remontagens diárias e, após a delestagem, deixa-se ocorrer a maceração prolongada para extração dos elementos importantes da estrutura do vinho.

A linha Los Perdices compreende:

Varietais: Viognier, Malbec e Sauvignon Blanc, rendimento de 9.000 kg por hectare, Pinot Griggio (8.000 kg/ha) e Cabernet Sauvignon (7.000 kg/ha)

Bivarietal: Syrah-Viognier (8.000 kg/ha)

Reserva: SauvignonBlanc Fumé e Don Juan - Malbec/Syrah/Bonarda/Merlot (8.000 kg/ha), Pinot Griggio (7.000 kg/ha).

Tinabu - Malbec/Cabernet Franc/Petit Verdot/Tannat (6.000 kg/ha)

Espumante - Chardonnay/Pinot Noir (8.000 kg/ha)

Late Harvest - Viognier (5.000 kg/ha)

Ice Wine - Malbec (2.000 kg/ha)

A escolha dos varietais, a seleção dos cortes, os distintos acabamentos em carvalho e a base de qualidade do rendimento de vinhedo, são fatores que fazem o grande estilo e a qualidade distinta destes vinhos.