terça-feira, 2 de novembro de 2010

VINHOS DE ALTURA (2) - PONTOS POSITIVOS E NEGATIVOS

Como vimos no Vinhos de Altura (1), o ciclo de maturação desde a floração até a colheita vai se alongando na medida que se ganha altitude, lançando a fase final do amadurecimento para bem fora do verão, no outono sem as costumeiras chuvas do verão, inclusive as águas de março.

Por exemplo, nas altitudes catarinense de São Joaquim, a vinícola Sanjo explora seus vinhedos de Cabernet Sauvignon que vão de 1.100 a 1.400 metos, colhendo a partir de baixa, iniciando em abril, até a parte mais alta em meados de maio. No primeiro nível, sacam uvas com madurez normal para elaborar o Nobrese. No segundo nível, as uvas tem 15 dias a mais de maturação e são direcionadas para o Nubio Tinto (50% com passagem por carvalho francês de primeiro uso). No terceiro nível, as uvas têm mais 15 dias em relação ao nível anterior, são colhidas com as folhas já amarelando, sendo elaborado o Maestrale (com 100% de passagem por carvalho francês de primeiro uso).



Já em Mendoza, outro clima e terroir, a Terrazas de Los Andes desenvolveu a exploração das distintas altitudes adequando cada variedade a uma altitude melhor. A Cabernet Sauvignon encontra sua melhor interpretação nos vinhedos a 980 metros, a Malbec a 1.067 metros, a Chardonnay a 1.200 metros e a Torrontés a 1.800 metros. Essas que são as melhores uvas de cada variedade podem gerar vinhos varietais, reserva e o Afincado, através da redução da produtividade.



Os vinhedos mais altos do mundo estão em Colomé a 3.100 metros.

O aumento de altitude e o alongamento do ciclo de maturação tem limitações críticas porque vão jogando a parte final do amadurecimento de encontro com o inverno. Isto pode fazer com que não se complete o ciclo e as uvas não tenham polifenóis maduros para gerar bons vinhos.

Em São Joaquim a falta de maturação da Cabernet Sauvignon resulta no defeito do vinho de excesso de pimentão verde, ou seja, de pirazina. Nem todos os terrenos resultam bons vinhedos e a orientação em relação aos ventos gelados vindo do mar pode ser fatal.

Na Argentina, tanto Mendoza como Salta, este alongamento aumenta o risco de nevascas, granizo e geadas. Em alguma partes, o granizo que cái é formado por grandes pedras com alta capacidade de destruição.

Vinhos de altitude brasileiros: Villa Francioni, Sanjo, Quinta Santa Maria, Villaggio Grando, Suzin, Quinta da Neve, Villaggio Bonnucci, Panceri, Pericó e outros. Todas vinícolas estão associadas à ACAVITIS.

Vinhos de altitude argentinos: Terrazas de los Andes (LVMH), Colomé (Decanter), Bodega El Molino, San Pedro de Yacochuya e outros.

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