quarta-feira, 30 de março de 2011

UM VINHEDO TODO NUMA VIDEIRA

O empresário calçadista da cidade de São Paulo (Brasil) , Sérgio Semerdjian, sempre esteve ligado aos assuntos da viticultura em suas terras da cidade de Ferraz de Vasconcelos, berço da uva Itália no país. Aliás, em outra propriedade da família Kawamura, desta cidade, há uma única videira da variedade Alphonse Lavalée, Itália que talvez seja uma das maiores do mundo, produzindo sozinha mais de 400 caixos de uvas, em média 270 quilos de uva por ano!



Agora Sérgio está desenvolvendo um projeto ambicioso no seu sítio que pretende enxertar, em um só cavalo, cerca de 190 variedades distintas de uva. Este sítio foi formado desde 1938 pelo avô Ohannes para abrigar videiras.




O cavalo 572  foi plantado no dia 20 de novembro de 2005 e vem recebendo enxertias com híbridas americanas, híbridas européias e castas clássicas viníferas como: Seibel 2, Jaquez, Violeta, Niagara Rosada, Isabel Precoce, Concord, Patrícia, Moscatel Juliana, Tinta Cão, Afrouxeiro, Trebbiano, Rainha, Rubi Cabernet e assim por diante. Em resumo, foram enxertadas 70 variedades distintas que estão em brotação e delas 22 já frutificaram nesse ano. Em agosto do corrente ano o programa prevê completar os enxertos para se atingir 190 variedades diferentes enxertadas em um só cavalo!

Sérgio Semerdjian entende que em 2012, a videira-vinhedo estará estabilizada e produzindo com as 190 variedades, fato que justifica sua divulgação no âmbito internacional.





ABIME - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE IMPRENSA DE MIDIA ELETRÔNICA

A ABIME – Associação Brasileira de Imprensa de Mídia Eletrônica é uma entidade associativa que reúne formadores de opinião e profissionais de imprensa de mídia eletrônica nos sites, blogs e outros veículos afins. A atual presidente é a jornalista Vera Tabach.

Na Paraíba já existe a ABIME/PB, presidida pela jornalista Messina Palmeira, que está convocando uma reunião para hoje, dia 30 de março, às 18:00 h, no Restaurante Palace Gourmet, no Victory Flat, na beira mar da praia de Tambaú, em João Pessoa, estado da Paraíba.

A pauta da reunião compreende a apresentação da Abime para os novos colunistas e colegas de mídia eletrônica, além das metas para 2011 e preparação do Congresso da Abime 2011.

Porque em São Paulo a Abime não faz contato com os colunistas e formadores de opinião para levá-los ao convívio da associação?

terça-feira, 29 de março de 2011

PINOT NOIR: VINHO BRASILEIRO BATE VÁRIOS BORGOGNE

Marco Danielle,  faz vinhos de garagem com características intrínsecas de vinhos de autor, em seu Atelier Tormentas Vinhos de Autor. Ele produz vinhos artesanalmente partindo de uma das melhores matérias-primas disponíveis no Brasil - uvas de Encruzilhada do Sul, Serra Sudeste. A uva vem de cultivo sob produtividade reduzida, obtida por raleios radicais, que respeitam a fisiologia e o equilíbrio da videira. No lagar, os vinhos são elaborados de forma natural e criteriosa. Não são filtrados ou estabilizados artificialmente, de forma a preservar ao máximo os descritores do seu caráter natural. O depósito que pode se forma em garrafa não é para fazer charme, mas para deixar claro que o processo de vinificação transcorre com mínima intervenção ou melhor, com nenhum malabarismo enológico. Como os vinhos são elaborados a zero SO2 (sem conservante INS 220), as condições de guarda têm que ser em ambiente com climatização, sem vibrações e ao abrigo da luz.

A Pinot Noir é uma das videiras mais trabalhosas da vitivinicultura mundial. Planta caprichosa que cria difículdades no vinhedo e na cantina. Por essa razão fracassou na maior parte dos vinhedos do Novo Mundo, não oferecendo vinhos minimamente típicos da casta como os da Borgogne. Virou lema a declaração de uma famosa dama do vinho francês, que afirmou não haver Pinot Noir fora da Borgonha.

Lamenta Danielle: "Algumas notícias abaixo poderiam mudar o conceito do vinho brasileiro mundo afora, incentivando novas iniciativas voltadas à vinicultura natural no país. Mas por não existir interesse comercial, não haverá repercussão na imprensa especializada, a despeito da eventual relevância histórica ou cultural dos fatos."

Um especialista parisiense provou os vinhos Tormentas, Fulvia e Prelúdio, e entusiasmado escreveu que o Brasil agora dispõe de seus próprios grandes vinhos.

Numa degustação temática de vinhos Bourgogne de preço acima de R$ 300,00, realizada na Confraria dos Sommeliers (da qual faço parte),  foi colocado como "pirata" (vinho fora do tema), o Tormentas Fulvia Garage 2009 (Marco Daniele). A degustação, sempre feita às cegas, surpreendeu a todos porque o vinho brasileiro foi considerado Borgogne e mais, o melhor Borgogne do painel!

Em seguida vieram vinhos como Albert Bichot Nuits St Georges 06,  Beaune du Château 1er Cru 07, Nuits St Georges Au Bas de Combe 05, Gevrey Chambertin La Justice 06... e assim por diante.

(leia neste blog mais sobre Tormentas no post de 18 de dezembro de 2010)

domingo, 27 de março de 2011

BARACK OBAMA BRINDA COM VINHOS BRASILEIROS

Em sua primeira visita ao Brasil no último final de semana, Barack Obama teve a oportunidade de conhecer alguns dos nossos bons vinhos.

Como pratos típicos da cozinha regional brasileira, Obama provou a picanha e o baião de dois, acompanhados de vinhos brasileiros elaborados pela tradicional Casa Valduga.

O brinde formal foi baseado no vinho branco Gran Reserva Chardonnay depois, complementado pelo espumante Premium Brut e pelo tinto Gran Reserva Cabernet Sauvignon, que preencheram as taças de ministros dos dois países, parlamentares e magistrados muma lista que envovlveu cerca de 200 convidados no encontro oficial realizado no Itamaraty. O Brasil estava capitaneado pela presidente Dilma Rousseff, que já havia brindado a posse no começo deste ano com vinhos da Casa Valduga.

Desde o início deste ano, todos os vinhos servidos em eventos oficiais são da Casa Valduga. A decisão é resultado de uma licitação que a vinícola venceu no ano passado e ao longo de 2011 somente os rótulos Valduga vão compor as mesas das cerimônias realizadas pelo governo brasileiro.

“Cumprimos requisitos técnicos como o tempo de maturação de no mínimo 12 meses em barrica de carvalho para os tintos, exclusividade do método champenoise para os espumantes e número de premiações internacionais de maior relevância”, explica Juciane Casagrande, diretora comercial da vinícola.

sexta-feira, 25 de março de 2011

VINHO EM DESTAQUE: SALTON DESEJO 2005

Certa feita, conversando com o saudoso amigo Ângelo Salton, mostrei para ele a consistência de qualidade que a Salton havia alcançado com o vinho varietal de Merlot, Salton Desejo, situação comprovada através de se sair vitorioso ou se sobressair em inúmeros painéis de degustação que participei ou que organizei.


Poucos meses antes de falecer, Ângelo me presenteou com uma caixa com seis garrafas do Desejo composta de três safras para permitir uma degustação vertical.



Para relembrar detalhes do painel que promovi com o rótulo, abri um Desejo da safra 2005, tida como uma das melhores da história do vinho brasileiro.

Ao contrário do que tenho enfrentado com outros ícones brasileiros que passando dos 5 anos demonstram estar decaídos, desequilibrados na acidez incômoda, este Merlot estava perfeito.

Nariz pleno de frutas maduras, sobressaindo-se a ameixa preta, boca bem preenchida com gentil toque aveludado,  equilíbrio nos tons dos taninos macios, potência alcoólica e acidez. Longo de persistência e de final de boca muito agradável.

Este vinho só poderia ser destaque!

quinta-feira, 24 de março de 2011

FATOS QUE MARCARAM O ESPUMANTE BRASILEIRO

As tão festejadas estrelas dos espumantes brasileiros iniciaram sua trajetória bem antes da oficialização da Champagne como região produtora única e oficial do espumante champagne.


ESPUMANTE COMEMORATIVO DA CIA VINÍCOLA RIOGRANDENSE

Consta que em Carlos Barbosa (cidade do estado do Rio Grande do Sul) um destacado produtor de vinhos, a vinícola Alfredo Dillenburg, que vinha conquistando espaços importantes no mercado da época, com sua linha composta dos rótulos Rheno, Medoc e Champagne, participou e brilhou na Grande Exposição de Garibaldi de outubro de 1914. Note-se o uso indevido do nome Champagne para o espumante!

Italiano de Trento (Tirol), o engenheiro agrimensor Emanuelle Peterlongo Filho chegou à região de Garibaldi (outra importante cidade da atualidade no estado do Rio Grande do Sul) para trabalhar no traçado da cidade de Garibaldi. Ele ainda não sabia que seu nome um dia estaria ligado ao vinho brasileiro.

Foi nomeado coletor estadual de Garibaldi, dado seu grande talento e capacidade de trabalho. Era grande apreciador de vinhos brancos e aficionado dos espumantes. Em caráter de amadorismo, paralelamente às atividades da vinícola Dillenburg, iniciou um tímida produção em sua casa, com a ajuda do religioso Irmão Pacômio (francês residente no local), de quem recebeu conhecimentos sobre a elaboração dos espumantes, aprimorando-os com o tempo.


Em 1913, ainda em nível doméstico, numa casa de madeira que mandara construir, iniciou de fato a produção de um espumante, pelo processo Asti, obtido a partir da uva Moscato de Canelli, ali cultivada. Foi um sucesso e, na I Exposição de Uvas de Garibaldi, em 1913 conquistou medalha de ouro com seu vinho. 

Emanuelle Peterlongo Filho destacou-se pelo incentivo do plantio de castas finas destinadas a vinhos brancos. Em seguida, introduziu a produção de espumantes com fermentação na própria garrafa, saindo-se como pioneiro no processo champenoise no Brasil.

Um ano depois da primeira medalha, alcançou mais duas, desta vez de prata,em Garibaldi. Foi agraciado, em 1925, com medalha de ouro na Esposizione del Lavoro Italiano (Porto Alegre). Cinco anos depois, em 1930, recebeu medalha de ouro em Antuérpia, Holanda. Foram os marcos que precederam sua trajetória de crescimento e de sucesso nas décadas que se seguiram.

Na década de 1950 aconteceria um fato inusitado na vitivinicultura brasileira. A Georges Aubert, produtora francesa dos espumantes Clairette de Die, vin mousseux naturel, AOC’s Aurel e Saillams, com mais de 75 anos de tradição, enfrentava problemas políticos após o encerramento da Segunda Grande Guerra e tinha planos de deixar a França.


INICIALMENTE, USAVA-SE ERRONEAMENTE A DENOMINAÇÂO "CHAMPAGNE"

Os primos René e Georges Aubert tiveram contato com Irmão Otão, marista de Garibaldi, que estava na França pesquisando o mundo vinícola. O religioso passou estratégicas informações sobre as potencialidades de Garibaldi. Era tudo o que eles queriam ouvir. Em 1950 a Georges Aubert simplesmente arrumou as malas (com todas as instalações vinícolas importantes) e mudou-se para o Brasil.

Fato curioso aconteceu na chegada desses franceses na estação ferroviária de Garibaldi: ao descerem do trem tiveram um choque com a primeira visão panorâmica da pequena cidade: o alongado edifício na encosta oposta mostrava escrito em suas paredes: Champagne Peterlongo. Quase voltaram para a França!.

Em 1951, a Georges Aubert já trabalhava em regime normal de operação. Em 1953 foi iniciada a construção do parque industrial. Em 1956, a Georges Aubert produzia a todo vapor em suas instalações.

A pioneira brasileira Peterlongo e a primeira multinacional Georges Aubert conviveram bem, cresceram e foram os grandes produtores de espumantes brasileiros ao longo das décadas que se seguiram, marcando a consolidação da elaboração deste produto no Brasil. Ao lado desses pioneiros, outras vinícolas, como a Sociedade Riograndense, elaboraram espumantes, mas seu papel não foi tão decisivo ou abrangente, pelo volume produzido.

Em 1973, a indústria vinícola brasileira de espumante daria um grande salto com a constituição da Provifin, atual Chandon, que passou a plantar vinhedos próprios em 1975, trazendo do Chile o jovem engenheiro agrônomo Mário Geisse. A Chandon somou ao parque brasileiro instalações, tecnologia e filosofia de elaboração de espumantes finos de qualidade internacional.

Em 1976, outro acontecimento iria marcar uma nova era da indústria de espumantes brasileiros. Neste ano, o engenheiro agrônomo chileno que vinha trabalhando para a Chandon, iniciou, na Linha Amadeu, paralelamente, o cultivo das uvas européias finas para espumantes, a Pinot Noir e a Chardonnay.

Com a implantação da Cave de Amadeu, Mário Geisse exerceu o papel de difusor das práticas de elaboração de espumantes finos, produziu para muitas marcas famosas e tornou-se o vitorioso criador de rótulos famosos como Cave de Amadeu e Cave Geisse, muitas vezes premiados nos grandes concursos internacionais. Sem medo de cometer injustiças, Mário Geisse foi o grande pai dos espumantes brasileiros de alta qualidade.

As pioneiras Peterlongo e Georges Aubert evoluíram, as vinícolas atendidas pela Cave de Amadeu levantaram-se em vôo solo, a Cave de Amadeu continuou seu caminho de sucessos, este conjunto todo transformando o Brasil no produtor de espumantes entre os melhores do mundo.

Prova maior desta indiscutível situação é o convite, aceito e cumprido, que Mario Geisse recebeu para elaborar champagne ano passado em uma das mais tradicionais casas da região francesa da Champagne.

Um brinde ao espumante brasileiro!






quarta-feira, 23 de março de 2011

BEBER SEM MEDO DO DIA SEGUINTE

Uma característica dos tempos modernos é a postura insaciável dos apreciadores de vinho que estão sempre procurando novos rótulos e origens emergentes. Este perfil do mercado é desenhado por volúveis consumidores que vão migrando de um vinho para outro.

A busca contínua de tipicidades diferentes e das interpretações de terroirs fazem do enófilo moderno um adepto da antropofagia, sempre buscando novidades, o que exige uma visão adequada do marketing vinícola para ganhar permanentemente a prefêrência do consumidor.

Este contexto não foi uma simples evolução inercial dos consumidores. A estrutura do mercado de vinhos mudou a atitude dos apreciadores através do excesso de ofertas e das ações de marketing diante do acirramento das disputas por fatias de mercado. As regiões produtoras viram-se obrigadas a se apoiar num conjunto de ações de propaganda que resultou em verdadeiro tsunami de novas adegas, novas uvas, novos estilos e novos rótulos.

No bojo desta avalanche surgem vinhos de toda espécie, assim como os oportunismos mais variados.

O padrão mundial de sabor dos vinhos tem privilegiado os toques de passagem pela madeira, a cor profunda e a estrutura forte. A partir desta faceta, os vinhos desde os mais baratos até os mais caros, procuram destacar ou "criar" esses atrativos para ganhar apreciadores. Cada qual com o seu apelo, figuram em inumeráveis linhas, básicas, medianas e de alta complexidade, disputam o consumidor pelo preço, pela exótica origem ou pela notoriedade.

Como a base da pirâmide da qualidade é mais ampla que o topo, naturalmente o mercado tem uma quantidade enorme de vinhos básicos, de qualidade mínima aceitável, muitas vezes oferecendo a ilusão da passagem por barricas através de chips ou aduelas de carvalho. Para os tintos, "gotinhas mágicas" podem dar artificialmente mais cor e aportar aromas como baunilha, caramelo, especiarias, cacau, café e frutas vermelhas. Para os brancos, gotinhas enológicas de farmácia aportam notas minerais, cítricas, frutas brancas e frutas tropicais. Pitadas desses aditivos podem simular toque sedoso e boca plena, enfim, verdadeiras alquimias do vinho.

A dificuldade para se identificar essas falcatruas muito comuns é real. Somente a guarda do vinho por uns cinco ou mais anos vai mostrar que aquele Gran Reserva decaído não passava de um vinho com malabarismos químicos imitando a enologia natural!

terça-feira, 22 de março de 2011

O SAL NOSSO DE CADA DIA

Estamos acostumados a consumir sal de mesa, o famoso sal refinado. Essa alternativa de sal foi desenvolvida para baratear o produto cujo consumo foi se generalizando munto afora.

Na sua obtenção parte-se do sal natural puro que é lavado a quente e refinado, perdendo cerca de 84 elementos importantes como iodo, enxofre, bromo, magnésio, cálcio, plâncton (nutriente), krill (pequeno camarão invisível) e resíduos de esqueletos de animais marinhos que contêm pequenas quantidades de zinco, cobre, molibdênio e outros além de cálcio.

Para recompor o sal refinado, adiciona-se iodeto de potássio em quantidade 20% superior ao que teria naturalmente, o que predispõe o organismo a doenças da tireóide, como nódulos de natureza diversa (tumores, câncer, hipoplasia).

Os aditivos iodados se oxidam quando expostos à luz, exigindo um estabilizante que é a dextrose. Esta combinada com o iodeto de potássio produz uma cor roxa, o que exige a adição de alvejantes como o carbonato de sódio, grande provocador de cálculos renais e biliares.

A partir daí, o sal é “enriquecido” com aditivos químicos gerando o sal de mesa que não passa de um composto químico, nada tendo a ver com o sal natural que lhe deu origem.

Utilizamos o sal refinado ou sal de mesa generalizadamente nos preparos rotineiros da culinária tradicional e para temperar os alimentos nos pratos para consumo.

Em tempos passados consumia-se o sal gema que  teve sua formação nos solos da Idade do Ferro, como resultado da evaporação de antigos mares ou lagos salgados. Podem ser extraídos na superfície e em depósitos subterrâneos. Esses sais não guardam todos os componentes originais porque uma parte mineral foi perdida ao longo dos milênios. São puros e de composição balanceada, sendo empregados nas deliciosas elaborações da culinária gourmet.

Com o gradual esgotamento das minas de sal gema, tratou-se de obter o sal das águas do mar, o sal marinho. Coloca-se a água num tanque raso especial e o calor do sol vai evaporando a fase líquida e acaba restando uma crosta de sal ressecado no fundo. Esta camada é raspada e o sal separado resulta o sal marinho em distintas modalidades de flor de sal, que contem todos os elementos importantes que vêm da água marinha. São utilizados nas elaborações mais sofisticadas da culinária gourmet.

A flor de sal contém todos os 84 oligoelementos e micro-nutrientes encontrados no mar em níveis adequados para o bom funcionamento do nosso organismo. Porisso o poder benéfico e de cura da flor do sal equivale a vitamina C, vitamina E e muitos outros nutrientes.

O iodo orgânico, contido no sal marinho não refinado, é de fácil assimilação, em quantidades ideais, oferecendo proteção contra os efeitos nocivos da radiação.Quantidade pequena de sódio, evitando a pressão alta e a retenção de líquidos, podendo ser até utilizado em hipertensos.

No Brasil, o paraíso da flor de sal é o famoso restaurante Emiliano, São Paulo, onde você pode experimentar: Fleur de Sel de Guérande, Flor de Sal Português, Fumée de Sel , Sal Murray River (Austrália), Salish Smoked Salt. Alaea Hawaiian Salt que, com muitos outros, formam um leque de 24 tipos diferentes ou mais de flor de sal.

Você poderá degustar todo este mostruário que é feita com porções minúsculas, obviamente por se tratar de sal, com 2 ou 3 cristais por tipo, ou pedir um prato cujo condimento baseia-se em um tipo especial de flor de sal.

O vinho agradece porque não tem que brigar com a agressividade do sal refinado!

(informações: Emiliano, 11 - 3069 4369)

segunda-feira, 21 de março de 2011

DECANTAÇÃO TO BE OR NOT TO BE

A decantação de vinhos, segundo opinião corrente, tem sido usada especialmente para cumprir duas finalidades essenciais:

1) separação da porção límpida de um vinho de seu “pé” onde estão acumulados os sedimentos gerados pelo envelhecimento e pela não filtração;

2) promoção de uma micro-oxigenação para trabalhar os taninos mais duros e tornar o vinho mais agradável ao paladar.

A separação para eliminar resíduos dissolvidos e concentrados na porção de vinho que está no pé da garrafa, repete as práticas das trasfegas que se fazem nas adegas quando um vinho é transferido de um tanque para outro, deixando no primeiro o pé do tanque rico de sedimentos.

Por sua vez, a micro-oxigenação submete o vinho a um choque de contato com o oxigênio do ar a fim de induzir processos naturais de maturação do vinho, resultando na atenuação da agressividade decorrente da juventude e abrindo caminho para que sejam revelados predicados que estão fechados, ou seja, vai abrir o vinho antes que seja efetuado o serviço.

As experiências práticas ao longo de muitos anos nos sinalizam que abrindo garrafas de um mesmo vinho de uma determinada safra e submetendo-as a decantação com distintos lapsos de tempo entre abertura e serviço, as sensações organolépticas apresentarão nuanças e variações que se explicam porque tiveram respiração menos ou mais alongadas.


Em torno de um detalhe parece que todos se encontram do mesmo lado: o vinho tinto reclama por um contato com o ar, num tempo calibrado de acordo com sua idade, para que se volatilizem substâncias que lhe escondem ou alteram os aromas e sabores, como o anidrido sulfuroso e aldeídos acéticos.

Mas, discussões à parte, sempre que a decantação se apresentar como opção, deve-se atentar para alguns fatores relevantes.

Primeiramente, lembrar que o vinho é um corpo vivo que precisa respirar para evoluir e amadurecer. Quando na garrafa, o oxigênio que atinge o vinho vem em quantidades ínfimas através da porosidade da rolha de cortiça natural. Daí as reservas de alguns estudiosos quanto às rolhas sintéticas.


A alimentação homeopática de oxigênio proporciona ao vinho os elementos requeridos para acontecerem as reações físico-químicas que modificam sua natureza aromática e de sabor, em outras palavras, que levam à evolução e ao amadurecimento num determinado tempo. Nos casos de rolha de baixa qualidade, com permissão de entrada de quantidades maiores de oxigênio, o resultado poderá ser o avinagramento do vinho.

Em uma evolução normal, quanto maior o tempo de guarda, maior a quantidade de oxigênio absorvida e menor sua tolerância por fortes doses de oxigênio novo. Na prática, por simples aproximação, pode-se considerar que um vinho tinto de bom corpo, com idade de até oito anos, vai melhorar com uma ou duas horas de decantação, enquanto que, um vinho envelhecido com idade em torno de quinze anos, o tempo deve ser abaixado para meia hora e, finalmente, os vinhos velhos de vinte e cinco anos ou mais, o tempo deve ser restringido a quinze minutos.

Bem, a decantação se espraia num emaranhado de opiniões e detalhismos mas o que interessa são os cuidados precedentes ao serviço para garantir um melhor desempenho do vinho na avaliação do apreciador. Neste caso, a decantação será sempre um procedimento de grande valia para arredondar taninos agressivos de vinhos muito jovens ou para eliminar depósitos dos vinhos envelhecidos.

Teorias e colocações radicais devem ceder lugar a deixar o vinho pronto para sorvê-lo em gostosas talagadas!

sábado, 19 de março de 2011

NA ERA DOS VINHOS ECOLÓGICOS

No princípio, tudo era naturalmente orgânico. Não havia excesso de população, poluição exacerbada, predação da natureza, não existia o aquecimento global ou as catástrofes como a do Japão.

Em priscas eras, os antigos sempre aconselharam a colheita de frutas quando as primeiras bagas haviam sido picadas por algum pássaro frugívoro local, numa certificação de qualidade fornecida pela própria natureza!

No princípio do século 19, os vinhedos europeus apresentavam pouco vigor e estavam sendo atacados de forma maciça por distintos fungos resultando quebra de safra e morte lenta de videiras. A aplicação da tradicional calda bordalesa já era de pouco ou nulo efeito.

Com a revelação das videiras americanas para o mundo, sob a aura de robustez e produtividade, os europeus importaram grandes lotes de mudas americanas para revigorar seus vinhedos. O vinho Chianti, durante anos, levou em seu corte vinho da híbrida Isabel!

Esta solução trouxe num primeiro momento enganosos resultados mas, tempos seguintes, teve início o flagelo da ação da filoxera (inseto que devora as raízes das videiras) que veio de carona nas mudas importadas dos Estados Unidos. Foi uma enorme devastação dos vinhedos europeus na segunda metade do século 19, que resistiu a todos os tratamentos de choque, inclusive dos defensivos químicos da recém inaugurada viticultura química..

A solução para essa catástrofe foi ecologicamente correta e veio do próprio veículo do mal. Um pedaço de galho de videira americana enterrada cria raízes e se torna um “cavalo” ou porta-enxerto. Na ponta externa do cavalo coloca-se de topo um garfo ou pedaço de galho da videira européia escolhida. Pronto, aí está uma Cabernet Sauvignon enxertada sobre cavalo americano e, assim, protegida contra o ataque da filoxera!

Segundo contou o viticultor bordalês Jean Pièrre Amoreau, ao término da Primeira Grande Guerra havia enormes sobras de matéria química destinada à fabricação de artefatos bélicos. Governos e empresários apressaram-se em desenvolver aplicações para consumir todo aquele material. Uma delas foi a produção de defensivos e fertilizantes agrícolas.

Esta prática sustentou a expansão dos vinhedos e contribuiu para que a geografia vitivinícola fosse ampliada mundo afora até em zonas de clima úmido como o sul do Brasil. Cresceu a viticultura química.

Em contraposição à agressividade dos tratamentos químicos, parte dos produtores tradicionais mantiveram-se na agricultura ancestral, a viticultura orgânica, que faz o cultivo com elementos naturais isento de aditivos químicos.

Nas primeiras décadas de 1900, ganharam força na Europa os princípios da antroposofia de Rudolf Steiner, preconizando o equilíbrio e harmonia do ecossistema, oferecendo a viticultura biodinâmica..

Segundo esta filosofia, o agricultor segue o calendário agrícola decorrente da influência sobre as plantas do ritmo cósmicos da Lua, do Sol, dos planetas e suas inter-relações. Conforme o posicionamento do dia perante esses fatores, será executada a poda ou outros tratos culturais. A área de cultivo busca tornar-se um organismo integrado, com a mínima introdução de recursos e insumos externos, especialmente produtos de síntese química.

Inicialmente havia, por total desconhecimento, certa desconfiança contra os vinhos orgânicos os quais, a priori, eram tidos como isentos da vivacidade presente nos vinhos ditos normais. Puro engano por falta de degustação deste tipo de vinho.

Mas numa civilização massificada pelas batatas fritas do Mac Donald e pela odiosa vozinha da Hello Kitty, o que se observa é uma crescente procura por produtos ecológicos, situação que transforma gradativamente os vinhos biodinâmicos e orgânicos não mais em modismo, mas em produto de alto valor comercial.

No final, quem ganha mesmo é o consumidor, em opções, em aromas, em saúde e em atitude.

quinta-feira, 17 de março de 2011

CONFRARIA DOS SOMMELIERS: SIMPLESMENTE PASSANDO EM BRANCO

A Confraria dos Sommeliers realizou um painel de vinhos brancos autóctones da Europa, deixando de lado as castas mais comuns Chardonnay e Sauvignon Blanc a fim de se aventurar por uvas menos presentes no mercado.

A questão de uma variedade ser autóctone é muitas vezes mal entendida pela simples falta de conhecimento das raízes históricas do nascedouro das castas.

O berço original das videiras foi a parte mais norte do planeta. Com o resfriamento das regiões polares, as videiras originais (gênero Vitis, subgênero Euvitis) se dividiram em três troncos: Americano, Euro-asiático e Asiático.

O tronco Euro-Asiático se estabeleceu definitivamente na região caucásica dominada principalmente pela Armênia, Geórgia e Turquia. Ali floresceram as primitivas variedades viníferas, destaque para a branca Rkatsiteli que oferece vinho branco até nos dias atuais.


Com a expansão do mundo através do Mediterrâneo, as videiras foram sendo disseminadas nas muitas “colônias” fenícias, gregas e romanas. Ao longo de muitos séculos, elas foram se aclimatando a cada terroir específico e sofrendo sucessivas mutações somáticas. Deste processo milenar surgiram, por exemplo, as francesas Chardonnay, Chenin e Sémillon, as italianas Verdicchio, Traminer e Trebbiano, a alemã Riesling, a espanhola Airén, a portuguesa Arinto e assim por diante.

A sessão em branco da Confraria dos Sommeliers fse deu no restaurante La Casserole, com a hospitalidade impecável do sommelier Tom e foi interessantíssima.


Pudemos conhecer, relembrar e degustar os seguintes vinhos / castas:

1. Alain Brumont – Château Montus – Pacherenc du Vic-Bilh - 2007 – vinho do Madiran, França, das castas Petit Courbu e Arrufiac.

2. Maitre de Chais – Petit Arvine - 2008 – elegante vinho da casta Petit Arvine, histórica do Valais, Suiça.

LUCIANE CARVALHO - SOMMELIÈRE DO RASCAL

3. Dobogó – 2005 – da casta conhecida típica Furmint, Hungria.

4. Bott Geyl – biodinâmico – 2008 – da conhecida casta Rieslig típica da Alemanha e da Alsácia.

5. D. Filipe – 2009 – vinho verde da conhecida casta típica portuguesa Loureiro.

6. Planeta – Cometa – 2009 – da desconhecida casta Fiano, da Campania, Itália.

7. Salmariano – 2008 – Marotti Campi – da conhecida casta Verdicchio, da parte central da Itália, DOC Verdichio dei Castelli .

8. Fiorile – 2009 – Duca del Castelmonte – da casta Grecanico Dorato, casta da Sicilia, Italia.

9. Collio – 2008 – da casta em processo de resgate no Friuli, Schioppeto Friulano.

10. Trinbach – 2007 – do tradicional produtor alsaciano Trimbach, com a conhecida Riesling da Alsacia, França.

11. Umani Ronchi – 2008 – da conhecida casta italiana Verdichio.

Matéria completa com comentários, notas e classificações você terá no próximo número da revista Prazeres da Mesa.

quarta-feira, 16 de março de 2011

MISTRAL APRESENTA OS ITALIANOS CASTELLO DI AMA

No dia 15 de março passado a Mistral, uma das mais importantes importadoras brasileiras de vinho, promoveu uma sessão de  degustação dos rótulos da Castello di Ama, conduzida pelo winemaker e gerente da vinícola desde 1982, Marco Palanti.

MARCO PALANTI - PRODUTOR DO CASTELLO DI AMA

A Castello di Ama SpA foi fundada em 1972, em Ama, na região da Toscana, Itália. A propriedade conta com 250 hectares, 90 ha com vinhedos e 40 ha com oliveiras, locados a uma altitude que varia próximo dos 470 msnm.

Segundo a filosofia que direciona a produção dos vinhoss, não há segunda linha, assim como não há reserva. Os vinhos são elaborados para serem de alto nível e como a melhor interpretação do terroir histórico.


A amostragem ofereceu para degustação os seguintes rótulos:

1. Rosato 2009 - Sangiovese - 13% - elaborado pelo método da sangria - cor damasco, aromas lembrando especialmente morango e tutti-frutti, sobre tons levemente tostados, boca indicando sutilmente sua origem em processo incompleto de vinho tinto, notas delicadíssimas de tanino, equilibrado, seco, fresco e de final de boca longo (referência de preço: US$ 38.90).

2. Vigna Al Poggio 2009 - Chardonnay + Pinot Noir - 13% - um branco com passagem parcial por carvalho francês de tosta leve, amarelo claro verdeal, aspecto oleoso, nariz de pêra e gerânio, na boca o mesmo, sobre toques aveludados, gordo e com agradável acidez em bom equilíbrio com a maciez. (referência de preço: 67,90).




3. Castello di Ama 2006 - Sangiovese + cortes - Chianti Clássico - 13% - vermelho com tons de beterraba, aspecto oleoso, aromas de frutas maduras, bananada, flores como gerânio, corpo leve, boca equilibrada com acidez saliente com elegância. (referência de preço: 89,50).

4. Vigneto Bellavista 2006 - Sangiovese + Malvasia Nera - Chianti Clássico - 13,5% - vermelho escuro, lágrimas intensas, um vinho robusto e encorpado, ótimo preenchimento de boca, álcool saliente mas agradável, taninos fortes secantes, sabores frutados com toques interessantes de especiarias. Vinho complexo e persistente. Produção anual muito pequena (referência de preço: 348,00).

5. La Casuccia 2006 - Sangiovese + corte - 13% - vermelho escuro com reflexos cor de beterraba, aromas de frutas maduras, notas achocolatadas, levemente adocicado por taninos macios sobre bom equilíbrio com álcool e acidez.

6. L'Apparita 2006 - Merlot - 13% - supertoscano - cor vermelho bem escuro, halo colorido e reflexos rubi, nariz a frutas negras, ameixa preta madura, excelente ataque de boca com oleosidade e toques aveludados, levemente adocicado (taninos da Merlot), equilibrado e longo. (referência de preço: 348,00).


7. Vinsanto 2004 - Malvasia Bianca + Trebbiano Toscano - 15% - versão muito pura e fresca, sem SO2, frutas em compota como figo e pêssego, passas, nariz e boca de grande delicadeza. Excelente vinho de sobremesa. (referência de preço: 69,50).







terça-feira, 15 de março de 2011

O VINHO ESTIMULA OS PRAZERES DA MULHER

Estudos conduzidos por pesquisadores da Universidade de Florença,Itália, trabalhando em um universo de amostragem de 800 mulheres com idade variando entre 18 e 50 anos, focaram a questão da satisfação sexual das mulheres, dentro dos conceitos inerentes ao índice Female Sexual Function Index, conforme comentou Tracy Miller, Daily News writer.



Trata-se de um índice técnico, composto cientificamente a fim de possibilitar aos médicos um acesso seguro nos detalhes da saúde sexual de mulheres, contando com detalhes como a questão dos estímulos que levam a mulher a se excitar, como ocorre (ou não) o orgasmo, o grau de satisfação e a ocorrência de dor.

Os resultados foram bem interessantes.

Mulheres que tomam usualmente seus dois cálices de vinho por dia atingiram a média de 27.3 para um total da escala de satisfação de 36 pontos. Aquelas que tomam apenas um cálice de vinho por dia alcançaram 25.9 pontos, enquanto que as mulheres que não bebem vinho bateram nos 24.4 pontos.

Com a famigerada frase "beba com moderação", as mulheres podem se dar ao luxo de tomar seus cálices de vinho usualmente e garantir níveis menores de stress na hora de ir objetivamente para a cama.

Excelente notícia que cala de vez o preconceito ultrapassado de que vinho é coisa só de homem!

segunda-feira, 14 de março de 2011

O VINHO É MUITO BOM COM CARNE

A harmonização é uma arte e como toda arte tem algumas regras e muitas exceções. Até a pouco tempo, a cozinha estava associada  com a regionalidade de países e era dominada pela regra universal: vinho tinto para carnes vermelhas; vinho branco para aves e peixes; vinhos adamados para sobremesa.


A globalização trouxe a invasão definitiva da cozinha tradicional pelas cozinhas tai, japonesa, chinesa, mexicana, cubana e outras mais, que passaram a dividir espaço nos cardápios em todo mundo, quando não, deixando mais picantes pratos tipicamente franceses, espanhóis e assim por diante. Um mar de novos temperos, de novas especiarias quentes e de novas iguarias ficou disponível para todo amante do preparo de pratos especiais e personalizados.


O bom churrasqueiro, como todo bom cozinheiro, usa seus talentos culinários para produzir seus assados tratando de modificar, fundir e criar aromas especiais para aguçar, ainda mais, o apetite dos apreciadores. Estes se forem bons gourmets vão querer harmonizar os aromas do churrasco com os aromas do vinho, casamento que sempre multiplica os prazeres da carne.

O vinho e a carne exercem diversificada influência mútua, agindo um sobre o outro ou interagindo com o outro. Daí ser fundamental para o apreciador estar sempre aberto para experimentar até encontrar as combinações que mais agradem ao seu paladar.


Há casos de harmonização em que se escolhe um vinho para ressaltar as qualidades do churrasco sem desaparecer no paladar. Um Malbec faz isto muito bem com carnes assadas ao ponto. Em outras oportunidades, a carne deve fazer o papel de acompanhamento para que sejam enaltecidos os predicados do vinho. É o caso do Pinot Noir acompanhado de um coc au vin . Podem ainda aparecer situações em que se pretenda o crescimento de ambos, por exemplo, um galeto com um Chardonnay ou com atenuação da uma potência exagerada de um dos dois, caso de carnes gordas com vinhos tintos de acidez mais presente.

Os gaúchos nos ensinaram a apreciar churrascos e guisados de toda sorte de carne, ora com vinhos tintos leves, ora com caldos robustos. Isto lhes foi legado pelos antepassados imigrantes italianos em cuja terra natal os vinhos encorpados são chamados de vini di arrosto, ou seja, vinhos de assado.


Um apetitoso churrasco malpassado, que traduz a carne ao ponto sem a presença de temperos e com discreto salgado, amplia os predicados de grandes vinhos tintos encorpados, de longa maceração com as cascas, com muita cor e taninos. Aqui se enquadram a carne bovina, os carneiros e o javali. Os vinhos brancos, mesmo os encorpados, não tem predicados para enfrentar ou se associar de forma harmoniosa com as carnes vermelhas.

Entrando mais no mérito, carne de cordeiro e de cabrito podem ser mais bem apreciados com vinhos como um Malbec argentino ou um Shiraz australiano. Se o churrasco é de carne de caça como javali ou veado, o acompanhamento de bom tamanho é o Malbec, Shiraz, Merlot e o Cabernet Sauvignon. Guisados de carne de lebre, pelas suas características, casam-se com um Cabernet Sauvignon estruturado e tânico. Quando se tratar de carne de porco, magra, Merlot e Carmenère, gorda, Pinot Noir, Sauvignon Blanc e Riesling Itálico. Finalmente, para carne bovina abrem-se amplas possibilidades com destaque para Cabernet Sauvignon, Merlot, Tannat, Shiraz, Malbec...

Para acompanhar espetos de frango, o famoso galeto, que são muito versáteis, sem nenhum preconceito de cor, harmonizando-se tanto com brancos como Chardonnay, Sauvignon Blanc, Sémillon, Gewürztraminer... e com tintos mais leves como Pinot Noir e Gamay.

sexta-feira, 11 de março de 2011

AMARONE - PRIMO RICO DO RECIOTO

Os vinhos Recioto têm sido produzidos há séculos na Valpolicella como resultado de técnicas menos elaboradas e com roupagens de características um pouco diferentes.

Os romanos plantaram vinhedos nos arredores de Verona e devido ao clima mais frio foram obrigados a desenvolver metodologia de secagem das uvas para concentrar o conteúdo de açúcar e obter qualidade da matéria-prima similar àquela comum no sul da Itália.

Com esta providência foram obtidos vinhos de alta graduação de álcool e com açúcar residual que resultava vinho adocicado ou doce mesmo(Recioto) que era o tipo mais consumido na época. Essas características garantiam a integridade do vinho despachado através de atribuladas viagens para alcançar Roma.

Recentemente, ao final da Segunda Grande Guerra podia-se distinguir quatro estilos de Recioto: doce, meio-doce, adocicado e amaro.

A cantina Montresor lançou em 1946 o Recioto Rustico, do estilo amaro, que abriu caminho para o aumento do consumo dos vinhos menos adocicados, que viriam a se chamar Amarone.


A partir dos anos 1950 o Amarone passa a suplantar a preferência que gosava o Recioto e ganha dimensões internacionais. Um marco importante foi que aos 13 de abril de 1953, a Fratelli Bola comemorou os 80 anos de Alberto Bola engarrafando um Amarone 1950, dando cunho oficial ao estilo e ao nome. Depois vieram Masi em 1966 e Bertani em 1970, entre outros tantos produtores que emergiram.

A rotulação inicial imprecisa de Recioto della Valpolicella Amarone foi bem definida em 27 de dezembro de 1990 quando a legislação vinícola italiana estabeleceu oficialmente o nome para o vinho como Amarone della Valpolicella.

quarta-feira, 9 de março de 2011

A TRAJETÓRIA CHILENA RUMO AOS TERROIRS

Em termos vitivinícolas a geografia física do Chile pode ser descrita simplificadamente como um território estreito e alongado, definido longitudinalmente por duas cordilheiras, dos Andes e da Costa, fracionado por uma série de vales isolados pela presença de cordões de montanhas transversais. Por sobre a cordilheira da Costa e pelas passagens dos rios, em diferentes intensidades, sopram os ventos frios típicos do Oceano Pacífico, enquanto que, encostas abaixo, agem em distintas naturezas os ventos frios que vem das neves eternas dos Andes.

Dentro dos vales, desde as encostas, em sucessivos terraços, às partes planas ribeirinhas, o solo exibe terrenos formados pelo acúmulo de detritos e matérias trazidas pelos cursos de rios que impõe mudanças de seu curso, ou terrenos com declividade variável nas partes baixas onde se acumulam materiais lavados secularmente dos altos. Os solos, via de regra, apresentam boa permeabilidade sobre subsolo calcário, pH ligeiramente alcalino, com ocorrências discretas de matérias orgânicas.

O clima chileno é seco, muito seco, não oferecendo os problemas de chuva durante a parte final da maturação e colheita, permitindo uvas de madurez plena e conteúdo concentrado de qualidade.

Seria tudo igual não fossem as diferenças!

Essas diferenças começaram a ficar evidentes a partir de 1995 com a aprovação oficial da Ley de Denominación de Origen, baseada na divisão do longo conjunto de vales em quatro regiões vitivinícolas de expressão, definidas pelo curso de rios de relevância e batizadas como Coquimbo, Aconcagua, Central e Sul. Estas quatro regiões foram divididas em sub-regiões totalizando treze Valles de origem qualificadas: Elqui, Limari, Aconcagua, Casablanca, San Antonio, Maipo, Cachapoal, Colchagua, Curicó, Maule, Itata, Bio-Bio e Malleco.

Inicialmente, esta divisão oficial obedeceu aos conhecimentos vitícolas da época que vêm sendo ampliados pelos estudos detalhados desenvolvidos por instituições universitárias e de pesquisa, abordando temas como tipo de solo, declividade dos terrenos, fertilidade da terra, influência marítima, temperaturas diurnas e noturnas, regime e distribuição de chuvas, horas de luz solar, insolação, produtividade e aclimatação das diversas cepas.

As principais dentre as treze zonas vinícolas que oferecem detalhes específicos as seguintes:

Maipo – área tradicional de instalação de vinícolas importantes desde 1850, com o predomínio inicial da casta colonial Pais (Criolla), que foi sendo substituída pela Cabernet Sauvignon e pela Merlot. As brancas atualmente ficam rstritas a cerca de 18% da área de vinhedos. Aqui figuram vinícolas muito conhecidas como Undurraga, Cousiño Macul, Concha y Toro, Carmen, Canepa, Santa Carolina, Santa Rita, Almaviva, El Principal, De Martino, Baron Philippe de Rothschild, Ventisquero e Tarapacá.

Aconcagua – inaugurada em 1870 pelo visionário Maximiano Érrazuriz Valdivieso que formou seus primeiros vinhedos, esta região vem se consolidando desde os pioneiros Cabernet Sauvignon e Merlot, até os atuais de Syrah e Carmenère.

Casablanca – descoberta recente sob a visão do enólogo Pablo Morandé, exibe atualmente uma grande área plantada de castas brancas como Chardonnay e Sauvignon Blanc, complementadas por vinhedos de Merlot.

Cachapoal – uma das áreas mais férteis da viticultura chilena, abriga especialmente Cabernet Sauvignon, Merlot, Carmenère e Syrah. As brancas, com 20% da área, são dominadas pelo Sauvignon Blanc e pela Chardonnay.

Colchagua – reúne os terroirs mais interessantes do país distribuídos em três zonas distintas: encostas dos Andes (Los Lingues), planície espremida entre dois cordões transversais de montanhas (Angustura) e áreas encostadas na Cordilheira da Costa (Lolol). Predominam as castas tintas , com vinhos potentes e concentrados de Cabernet Sauvignon, Merlot, Carmenère e Syrah. Das brancas destacam-se Chardonnay e Sauvignon Blanc.

Curicó – região de antiga tradição vinícola, desde que os Correa Albano implantaram vinhedos com mudas trazidas da França e Alemanha em 1851, iniciaram atividades naquilo que é atualmente a Viña San Pedro. As variedades mais cultivadas são a tinta Cabernet Sauvignon e a branca Sauvignon Blanc. Em tempos recentes foi palco de uma redescoberta pelo espanhol Miguel Torres que, atraído pelas especificidades da área e pela Sauvignon Blanc, produziu uma grande revolução no seio do vinho branco chileno.



terça-feira, 8 de março de 2011

VINHO EM DESTAQUE: DOM CÂNDIDO GRAN RESERVA 2002

Venho reunindo há cerca de 25 anos vinhos brasileiros de diversas origens que ficam em condições ideais de guarda em minha adega. São vinhos como Granja União Cabernet 1937 e 1944, Gran Pierre Fabrizio Fasano 1967, Bernard Tailland 1969, Monte Reale Rosé Riesling-Merlot 1978, De Lantier 1985, 1991, 2002, dentre outros tantos. De 1999 para cá tenho comprado ou sou presenteado com caixas e mais caixas de vinhos brasileiros de alta gama.


Ao completar 6 a 10 anos o vinho é aberto para checar a qualidade remanescente, além do que, sua agradabilidade após esse tempo de guarda.

Para minha triste surpresa muitos dos "bons vinhos" têm se mostrado excessivamente decaídos, para compensar, outros mostram-se excelentes e nobremente envelhecidos. Tenho que imaginar que a diferença é que os vinhos deteriorados são fruto de alguma alquimia com aditivação de cor, aroma e gosto, enquanto que os vinhos em boas condições são os honestos e realmente feitos para Reserva ou Gran Reserva.

Neste último grupo está o Dom Cândido Gran Reserva 2002, um Cabernet Sauvignon com 9 anos de guarda e elegantemente robusto, de ótima coloração, aromas de frutas muito maduras, compotas, chocolate e tabaco. Arricaria dizer que ainda aparece um delicadíssimo e sutil traço mentolado. Pena que foi a última garrafa. Nota 91.




Neto dos pioneiros que vieram em 1875 de Rovereto, Tirol italiano, Cândido Valduga desenvolveu vitivinicultura em 12 hectares no Vale dos Vinhedos, para consumo familiar. Os excedentes começaram a ser comercializados pela vizinhança e tiveram muita procura. Desde 1986 vêm melhorando continuamente a qualidade.


Em 2001 DOM CÂNDIDO adquiriu 50 hectares no município de Veranópolis nos quais formou pouco mais de 32 hectares, totalizando área própria de 44 hectares. Da produção de uvas vinifica anualmente cerca de 280.000 litros de vinho, comercializando os rótulos:.

 GRAN RESERVA: Gran Reserva Cabernet Sauvignon.

 4ª GERAÇÃO DOM CÂNDIDO: Marselan.

 LINHA RESERVA DC: Merlot; Cabernet Sauvignon; Merlot/Cabernet Sauvignon; Chardonnay; Tannat; Malbec; Rosé Demi-sec.

 RESERVA DOM CÂNDIDO: Gamay.

 ESPUMANTES: Brut; Moscatel e Brut CV.

(informações: franco@domcandido.com.br / 54 - 2521 3500 - Leandro)

segunda-feira, 7 de março de 2011

SBAV-RIO DIVULGA PROGRAMA DE MARÇO E ABRIL

Por motivos obvios carnavalescos, o bloco da SBAV-RIO estrará em recesso, sem atividades sociais ou de sala de aulas na semana do carnaval pelo período de 07 a 11 de março, retornando ao ritmo normal a partir do dia 14 de março (2ª feira).


Depois do Carnaval, passada a ressaca, o bloco voltará a todo vapor ! Ou melhor, a todo vinho! Dê uma degustada na agenda:

MARÇO:

16/03 (4ª feira) - Paulo Nicolay apresenta - "Pinot Grigio pelo Mundo"
Uma palestra-aula apresentando a Pinot Grigio por 05 países - Brasil, Argentina, Chile, Itália e França. Diferentes percepções da mesma uva.

22/03 (3ª feira) - Início da 1ª turma do Curso Básico de 2011.
Paulinho Gomes, presidente da SBAV-Rio apresenta - "Pequena história da vinha e do vinho", "Gêneros de uvas utilizadas" e "Vindimia e Vinificação".

O curso acontece durante 5 terças feiras consecutivas.
Investimento: R$100,00 de matrícula + R$250,00 para sócios ou + R$350,00 para não sócios.

24/03 (5ª feira) - Homero Sodré apresenta - "Albariños, Treixaduras e Godellos - Brancos deliciosos da Galícia".

29/03 (3ª feira) - 2ª aula do Curso Básico
Paulo Nicolay apresenta - "Países e regiões produtoras", "Suas uvas e seus vinhos" e "Legislação de cada país".

30/03 (4ª feira) - Vinícola Domno do Grupo Valduga, apresenta além de alguns rótulos nacionais, suas importações do Chile, Argentina e Portugal.
"Em 2010, .Nero Brut foi eleito o melhor espumante charmat do Brasil pelo Guia 4 Rodas de Vinhos 2011".

Investimento para sócios - R$40,00

31/03 (5ª feira) - O produtor de vinhos Eric Recchia apresenta seus lançamentos do Vale do Loire.
Investimento para sócios - R$40,00

ABRIL:

05/04 (3ª feira) - 3ª aula do Curso Básico
Homero Sodré apresenta - "Vinificação Espumantes e Champagne" e "Vinhos doces e fortificados".

12/04 (3ª feira) - 4ª aula do Curso Básico
Alexandre Lalas apresenta - "A Arte de servir e degustar vinhos", "Leitura de rótulos", "Rolhas" e "O armazenamento de vinhos".

14/04 (5ª feira) - Homero Sodré apresenta - "Chianti Classico - A Toscana tradicional".

19/04 (3ª feira) - 5ª aula do Curso Básico
Luiz Carlos Cattacini Gelli apresenta - "Harmonizações".

Todos os eventos acima relacionados irão acontecer na sede da SBAV-Rio com horário de início ás 19:30h.

O convívio nesta belíssima praia do mundo do vinho (Sbav-rio) é um privilégio que todos devem aproveitar e engrossar fileiras!



domingo, 6 de março de 2011

LABRUSCA E LAMBRUSCO – QUAL A DIFERENÇA?

Muito antes do aparecimento do Homem na Terra já floresciam vários gêneros da família das Vitáceas, entre eles o gênero Vitis, que abriga as milhares de variedades de uva.

Estudos de fósseis de partes de videiras, encontrados em várias regiões do hemisfério norte indicam como berço das Vitis a parte setentrional do globo, mais precisamente onde hoje é o Pólo Norte, Groenlândia e parte do Canadá. Naqueles afastados tempos esta região era coberta de florestas e o clima era quente e úmido.

A partir do berço original o subgênero Euvitis fugiu das mudanças climáticas que foram impondo esfriamento radical naquelas paragens. Nas rotas de fuga distinguiram-se três trajetórias distintas desenhadas pela aptidão climática de cada grupo de videiras. Cada rota deu origem a um tronco específico de videiras: sino-asiático (clima frio), euro-asiático (clima seco) e americano (clima úmido).


LABRUSCA CONCORD - UMA DAS MELHORES UVAS PARA ELABORAR SUCO.

Mais adiante, quando o homem não passava de um ser primevo perambulando de árvore em árvore, as videiras já verdejavam nos distintos rincões do planeta, sob diversas características próprias de cada tronco.

Na região do vale do rio Amur e no norte do Japão, o tronco sino-asiático aclimatou-se nas terras chinesas, siberianas e japonesas, desenvolvendo-se, entre outras espécies, as Vitis amurensis e as Vitis romanetti.

O tronco euro-asiático encontrou nas terras balizadas pela Geórgia, Armênia e Turquia seu berço de progressão, desenvolvendo ali as Vitis vinifera. Das variedades originais que foram sendo levadas para outros pontos do mar Mediterrâneo, surgiram as viníferas européias, entre tantas, a Cabernet Sauvignon (França), Airen (Espanha) e Lambrusco (Itália)


VINÍFERA LAMBRUSCO - UTILIZADA PARA A ELABORAÇÃO DO FRISANTE LAMBRUSCO.

Na parte leste da América do Norte, começando na região de Niágara Falls até a Costa Rica, existia uma profusão de famílias de videiras, entre elas a Vitis rupestris e a Vitis labrusca. Labrusca é o nome de uma família de videiras norte-americanas. Muito conhecidas no Brasil são as variedades labrusca chamadas Niágara Branca e a Isabel.

Portanto, Lambrusco é uma variedade de uva da família das Vitis vinifera, utilizada para elaborar o frisante que leva o seu nome e Labrusca é a família Vitis labrusca de uvas americanas, consumidas como sobremesa, como matéria-prima ideal para sucos e na elaboração de vinhos de qualidade inferior.

sexta-feira, 4 de março de 2011

THE BERLIN TASTING - A MILESTONE IN THE WINE EVALUATION

Por várias vezes tenho escrito sobre a questão dos mitos e das realidades do fabuloso mundo do vinho. Na contracapa do meu primeiro livro, Vinho - Aprenda a degustar (esgotado) registrei "Não beba o rótulo. Beba o vinho!". Infelizmente o principiante vai atrás das macaquices dos pretensos sabichões e fica preso a alguns rótulos, por exmplo, Cheval Blanc, Romanée Conti, Petrus e outros, como se fossem os únicos melhores vinhos do mundo. Mas a longa prática tem me mostrado que nem sempre o mais caro é o melhor! Felizmente!
Vem em meu socorro a excelente matéria de Peter Hellman e Mitch Frank, revista Wine Spectator, Dec. 15, 2009, The crusade against Counterfeits, de onde tirei a figura abaixo. Muitos vinhos mitológicos estão sendo fraudados fazendo com que apareçam os colecionadores e os caçadores de falsificações.

WINE SPECTATOR - PETRUS REAL E FRAUDADO

Numa degustação às cegas de 10 vinhos, conduzida recentemente por um grupo de grandes degustadores brasileiros, dentre eles, Ennio Federico, Manoel Beato e Osvaldo Amarante, este último fez o comentário: Muito bom o painel, somente o primeiro vinho que eu definitivamente não gostei. Ennio brincou: E se esta for uma amostra testemunha, por exemplo, um Petrus, colocado secretamente para testar sua capacidade? Amarante respondeu também brincando: Continuaria não gostando e mais, poderia ser uma falsificação!!!

Falcatruas a parte, na realidade o vinho Petrus é indiscutivelmente um mito internacional e não tem produção suficiente para cobrir toda procura. Consequentemente, seu preço vai para as alturas. Estudos apontam que para se ter um mito são necessárias algumas condições: exiguidade de oferta, disputa na procura e, indispensável, uma qualidade excelente!

No entanto, se o degustador tem a sua frente várias taças numeradas preenchidas com distintos vinhos, por uma questão de agradabilidade ao gosto pessoal e sem demérito para ninguém, o Pétrus pode perder para um vinho que custe 10% do seu preço. Os dois são excelentes vinhos, Petrus é um mito e o outro apenas de maior agradabilidade!

Para não ser crucificado pelos enochatos de plantão, recorro à famosa Cata de Berlin, promovida pelo empresário chileno Eduardo Chadwick (Viña Errazuriz), em Berlin no dia 23 de janeiro de 2004, fazendo às cegas a comparação dos três famosos terroirs: Bordeaux, Toscana e Chile.

EDUARDO CHADWICK

O resultado surpreendeu a todos e se tornou um marco nessa questão de preço e qualidade, comprovando que acima um um certo valor em dólares, nem sempre o mais valioso é o quew proporciona o maior prazer.

A classificação final foi a seguinte:

1°- Viñedo Chadwick 2000 - Viña Errazuriz - Maipo - Chile

2°- Seña 2001 - Viña Errazuriz & Robert Mondavi - Aconcagua - Chile

3°- Château Lafite 2000 - Premier Grand Cru Classé - Pauillac - França

4°- empatados

Château Margaux 2001 - Premier Grand Cru Classé - Margaux - França

Seña 2000 - Viña Errazuriz & Robert Mondavi - Aconcagua - Chile

6°- empatados

Château Margaux 2000 - Premier Grand Cru Classé - Margaux - França

Château Latour 2000 - Premier Grand Cru Classé - Pauillac - França

Viñedo Chadwick 2001 - Viña Errazuriz - Maipo - Chile

9°- Don Maximiano 2001 - Viña Errazuriz - Aconcagua - Chile

10°- empatados

Solaia 2000 - Marchesi Antinori - Toscana - Itália

Château Latour 2001 - Premier Grand Cru Classé - Pauillac - França.

Os avaliadores dos vinhos foram 16 jornalistas especializados e 20 importadores de vinho, todos europeus, originários da Alemanha, Áustria, Suíça, Grã Bretanha, Dinamarca e Rússia.  Não tem discussão sobre a consistêcnia das classificações.

quinta-feira, 3 de março de 2011

REVISTA GOWHERE GASTRONOMIA FAZ PAINEL DE TOP TINTOS BRASILEIROS

No restaurante Varanda Grill, São Paulo, a revista Go'where Gastronomia sob a coordenação do Celso Arnaldo Araujo, realizou um painel com 10 top tintos brasileiros, que foram avaliados por um grupo de cinco especialistas: Ennio Federico, José Osvaldo Amarante, Olga Martino, Manoel Beato e Sérgio Inglez de Sousa.


     CELSO ARNALDO, ENNIO FEDERICO E AMARANTE

Os vinhos foram servidos numa seqüência aleatória, sem identificação, e cada avaliador foi emitindo opiniões ponderadas pelo Celco. Houve relativa unanimidade dos comentários, quase sempre muito próximos e concordantes.

       OLGA MARTINO E MANOEL BEATO.

As amostras eam da Lidio Carraro, Casa Valduga Storia, Villa Francioni, Villaggio Grando Innominabile III, Aurora Milesime, Miolo Terroir e Quinta do Seival Castas Portuguesas (2), Salton Desejo, Don Laurindo Tannat e Luiz Argenta Cuvée.

De uma maneira geral os vinhos apresentaram-se na cor vermelho rubi, com variações de medianamente coloridos aos bem escuros. Houve grande variação de perfórmance no nariz. Um deles mostrou uma explosão aromática inicial que, depois, foi se apagando até praticamente "desaparecer". Felizmente a maioria foi mais persistente nos predicados de nariz, uns crescendo, outros se mantendo. Toques frutados, lembrando ameixa preta, foram frequentes. Traços mentolados em alguns e tons animais em outros. Infelizmente, ocorreu uma amostra estar bouchonnée, o Storia da Casa Valduga que é um vinho excelente e ficou prejudicado..

Dos dez vinhos, três se destacaram muito através da agradabilidade e do equlíbrio na boca, com retro-gosto positivamente persistente: Villaggio Grando Inominabile III, Salton Desejo e Luiz Argenta.


De uma maneira geral, os vinhos mostraram-se de bom nível com as minhas notas variando de 83 a 91, com exceção do bouchonnée que foi desclassificado. Esse painel me faz novamente pensar que os vinhos brasileiros, em sua maioria, deveriam ser elaborados visando consumo na juventude, sem pretensões de longas guardas. 

quarta-feira, 2 de março de 2011

VILLAGGIO GRANDO - UM NOVO ÍCONE EM ASCENSÃO

Na primeira vez em que visitei a região dos Campos de Palmas ou Água Doce, uma faixa de terras altas abrangendo os estados do Paraná e Santa Catarina, percebi grande potencial para vitivinicultura de altitude. Trata-se de uma das regiões mais frias do Brasil, com insolação forte durante os dias e frio intenso ao longo das noites. Tudo o que uma videira vinífera quer para oferecer seus melhores frutos.



Nessa época, vindo de terras paranaenses, entrei em Santa Catarina na direção de Caçador através da rodovia SC 451. A paisagem dos altos ondulados de Água Branca mostrava claramente que para a viticultura prosperar era somente uma questão de escolher um terreno voltado para a trajetória diária do sol e protegido das friagens.

De repente, antes da localidade de Hercilópolis, divisei à minha direita ampla área de terra preparada para plantio, na qual os primeiros mourões geometricamente alinhados em todas as direções, confessavam a formação de um grande vinhedo. 



Na entrada ainda tosca, num muro de pedras, estava uma placa indicando: Mauricio Grando, empresário que eu já havia encontrado rapidamente numa feira em São Paulo. Havia marcas recentes de pneus na estrada da propriedade. Parei, dei ré e avancei "futuro" vinhedo a dentro! Tive que estacionar várias vezes para fotografar o perfeccionismo do posteamento do vinhedo em formação.

Escondido do movimento da estrada, encontrei um vinhedo formado, na verdade um viveiro de mais de 100 variedades de viníferas em processo de experimento de aclimatação ao terroir. Mais adiante uma casa-sede que me atrevi entrar depois de ver uma caminhonete de chapa de caçador, terra do Maurício.

O Muricio é um lorde e a recepção foi das mais calorosas possíveis e, assim, em questão de algumas horas nos transformamos em amigos de infância! Desde então acompanho as etapas e a evolução da Villaggio Grando.


Conheci os primeiros passos com a elaboração do Innominabile e do Chardonnay. Vinhos robustos de boca e convincentes na degustação. Depois vieram Sauvignon Blanc, Cabernet Sauvignon, Merlot, Chardonnay Reserva e o Espumante Brut (Chardonnay, Pinot Noir e Pinot Meunier).

Dias atrás recebi uma caixa com seis garrafas ainda sem rótulos de Espumante Brut Rosé (Pinot Noir e Merlot), Sauvignon Blanc 2009,  Rosé tranquilo (Merlot, Malbec e Cabernet Franc), Espumante Brut 2010, Innominabile lote IV e uma garrafa do novo vinho Além Mar, elaborado pelos portugueses Antonio Saramago e José Santanita.

Na degustação pelo grupo do meu blog houve uma aprovação geral das amostras mas ocorreu uma empolgada e clara preferência pelo Espumante Brut 2010, pelo impecável Sauvignon Blanc e pelo notável sotaque lusitano do Além Mar.

Anotem aí: Santa Catarina está se notabilizando pelos grandes vinhos elaborados dos seus vinhedos de altitude. Villaggio Grande será a grande estrela dentre os ícones brasileiros.  

(contatos: comercial@villaggiogrando.com.br / 49 - 3583 1188)





  

terça-feira, 1 de março de 2011

OS PRIMEIROS VINHOS VIERAM DO BERÇO ARMÊNIO

Nos primeiros agrupamentos humanos no processo de sedentarização quando o desenvolvimento da cerâmica queimada proporcionou vasilhames para guarda de alimentos e bebidas, teve início ao período da descoberta acidental do vinho.


O berço armênio é uma região que engloba a Geórgia, a Armênia e a parte da Turquia que circunda o Monte Ararat.

Por uma questão prática, sugeri que a descoberta o vinho ocorreu por acaso quando uma das muitas mulheres que percebeu um aroma interessante, agradável e suscitante vindo da boca de grandes jarros usados para guardar as uvas colhidas na floresta.

Com a aprovação do grupo, o fenômeno foi analisado e o vinho passou a ser feito rotineiramente para ampliar o tempo de utilização dos frutos das videiras viníferas e passou a fazer parte da alimentação das famílias.

A elaboração do vinho cresceu e se espalhou pela região e os excedentes tiveram que ser negociados e se tornaram uma forte moeda de troca que aconteceu com vizinhos cada vez mais distantes.

Quando as quantidades atingiram volumes maiores, o vinho passou a ser levado através dos rios Tigre e Eufrates para a Babilônia e terras mais distantes.

Esta presença freqüente pelos rios fez com que os Cananeus levassem o vinho para as zonas litorâneas e, finalmente, os Fenícios incluíssem o vinho de viníferas entre seus produtos comercializados além mar Mediterrâneo.


          DENSAS MATAS BORDANDO OS RIOS

O Mediterrâneo tornou-se um grande teatro comercial dos Fenícios que criaram postos comerciais com plantio de videiras viníferas, iniciando nas distintas partes da Grécia até as costas atlânticas de Portugal. Cartagena, Jera e Catóbrida...