terça-feira, 28 de junho de 2011

VINHOS DE ALTITUDE DO ESTADO DE MINAS GERAIS

Gostaria de descrever os predicados de mais uma fronteira vitivinícola brasileira, mas as condições climáticas que se abateram sobre a região serrana mineira nas proximidades da Serra da Mantiqueira desfizeram muito do trabalho árduo de vinhateiros abenegados.

Pensei que só o governo brasileiro fosse omisso em relação ao vinho brasileiro. Tenho que confessar minha decepção com o governo mineiro. A vitivinicultura é uma tividade muitas vezes milenar e é quase atávica ao ser humano. Onde ela existe traz desenvolvimento cultural, social e econômico. É a única reforma agrária natural, pacífica e auto-sustentável. A área governamental brasileira, por falta de cultura específica, desconhece e abandona essa atividade à própria sorte e aos esforços de quem a abraça.

Não existe apoio ou linha de crédito agrícola facilitada, nem política de compensação às perdas sofridas pelas chuvas de janeiro deste ano de 2011, que ceifaram além de bens  materiais, a vida de aproximadamente 1.400 pessoas no Estado. Um dos rios da região próxima a Andrelândia, em Aiuruoca, subiu oito metros acima de seu leito normal. E morreram pelas cheias oito pessoas.

Deste modo, as safras de 2008 a 2011 foram desastrosas. Os chumbinos, princípios das bagas dos cachinhos infantis, desgranaram em 95% e cairam antes de um mês do desenvolvimento. Nem EPAMIG, nem EMBRAPA, nem outros órgãos sérios e bons de apoio agrícola possuem tecnologia para fazer face às inundações e enxurradas, ou seja, à devastação feita pela mudança climática.

Na microrregião serrana,  para se ter uma idéia, de 12 produtores de uva que estavam registrados em 2000, sobraram 4. Um a um, foram-se fechando os plantios de uvas, as adegas, devido à inviabilização patente do negócio nas condições reinantes e na falta de apoio oficial.

Os vinhos da região não são de altitude no momento, são de devastação e restos de inundação, vítimas das mudanças climáticas, revelando a acidez rascante das uvas restantes e seu grau insuficiente de sacarose. Normalmente os vinhos mostram-se fortes, honestos, 100% de mosto de uva trabalhadas quase que artesanalmente sobre a pedra moledo, famosa no passado por ser drenável e muito porosa. Nem isto é verdade ultimamente.

Como exemplo, a pequena Vinícola ABN, insiste na verdadeira luta para nascer e aparecer. As condições são contudo bem contrárias ao processo de sua evolução, haja vista a sobrevalorização cambial, que faz entrar caudalosamente os vinhos argentinos, chilenos, europeus e de outras longitudes e latitudes.
O povo da região é ótimo, maravilhoso, prestativo e solidário Só faltam os órgãos governamentais acordarem para alavancar esta interessante alternativa de vitivinicultura de altitude.

Senhores governantes mineiros! Acordem! Esta é a grande chance de fazerem um trabalho dignificante para este grande Estado brasileiro! 





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