quinta-feira, 16 de agosto de 2012

QUE TAL UM ROBUSTO TANNAT URUGUAIO?

O nosso vizinho vinícola mais próximo é o Uruguai, origem de produção de bons vinhos tintos e brancos. Pela proximidade e pela facilidade de se viajar através daquele pequeno país, vale a pena traçar um roteiro passando pelas distintas áreas produtoras.

A história da vitivinicultura uruguaia é interessante e não deixa de ser outro exemplo para o desorientado vinho brasileiro. Como ocorreu com o Brasil, enquanto o Uruguai era a Província Cisplatina, colonizada pelos portugueses, não houve interesse de se implantar a produção de vinho no país.

Passando para a esfera do domínio espanhol, as coisas começaram a mudar. 

Em 1726, por ordem real da Coroa Espanhola, vieram as primeiras 26 famílias para a fundação de Montevideo. Em 1835, após o final da guerra de emancipação, havia pérgolas de quintal com videiras de uva de mesa e, às vezes, para elaboração de vinhos em pequena escala para consumo familiar.

Em 1837, chega ao Uruguai o catalão Francisco Vidiella, que foi o introdutor da variedade Folle Noire, com a qual formou vinhedos e recebeu o primeiro prêmio governamental de 60 mil pesos, pela elaboração de volume acima de 60 barricas de vinho. Esta casta viria a tomar o nome do introdutor e passou a ser conhecida por Vidiella.

Em 1838, chega o basco Pascual Harriague, que trouxe em sua bagagem vinda da Espanha, a variedade Tannat, com a qual formou amplos vinhedos e recebeu o segundo prêmio do programa de incentivo do governo, para produção volumes de vinho acima de 20 barricas. Esta casta ficou conhecida como Harriague ou Lorna Harriague.

Com estas e outras introduções, formou-se em Juanicó no período de 1840 a 1855 um vinhedo de 50.000 videiras . Em 1870, tem início a vitivinicultura comercial no país, com a implantação de vinícolas tradicionais como Vinos La Cruz (Arocena  - 1887), Los Cerros de San Juan (1897),  Bodegas Faraut (1900), Toscanini (1908), Irurtia (1910), Santa Rosa/Carrau (1920) e outras.

Em1917 teve início o ensino de enologia na Faculdade de Agronomia e, em 1948, foi fundada a Escola de Enologia, da Universidade del Trabajo. Em 1987, um decreto de lei do governo criou o INAVI – Instituto Nacional do Vinho. A administração do INAVI é exercida por um conselho de nove membros: três do Governo e seis representantes das iniciativas privadas (viticultores, vinicultores, adegas e cooperativas).

Em 1993, têm início as exportações que culminaram por chamar a atenção do mundo para o Uruguai e , em 1999, disparam os investimentos estrangeiros no país.

O vinho uruguaio teve seu advento definitivo no início do presente milênio e foi se firmando no cenário internacional a ponto de hoje ser uma origem muito respeitada no mercado. O bom trabalho desenvolvido sobre a casta ícone do país, a Tannat, garantiu presença e competitividade com relação a muitos dos rótulos franceses do Madiran.

 

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