terça-feira, 14 de agosto de 2012

RELEMBRANDO O CASO NEOZELANDÊS DO VINHO

Tenho citado muito o trabalho oficial realizado na Nova Zelândia para mudar a vitivinicultura nacional dando-lhe condições para enfrentar o predomínio dos vinhos australianos no mercado doméstico. É fato recente e que serve de exemplo para os países de vitivinicultura séria.

A vitivinicultura neozelandesa teve sua origem nos primeiros dias de colonização no ano de 1833, com a chegada ao país do residente britânico James Busby, que trouxe consigo uma variada coleção de variedades de videiras européias. Se essa iniciativa não gerou a produção comercial de vinho no país, pelo menos plantou a idéia que se manteve viva nos quintais. 

No início dos anos 1900, a vitivinicultura foi apoiada pelo governo que criou um viveiro experimental de mudas de videiras em Te Kauwata. Das primeiras produções de uva deste viveiro que se transformaram em vinho, foi remetida amostra para o concurso Exibição Franco-Britânica de 1908, em Londres, participação que lhe rendeu uma medalha de ouro. 

Desde 1902 que se multiplicaram as iniciativas vitivinícolas dando a impressão de que a indústria do vinho iria se consolidar definitivamente na sua área plantada que alcançou extensão ao redor de 240 hectares.

Não muito mais tarde, por volta de 1930, o panorama havia se alterado completamente face ao desânimo dos viticultores, restando apenas 80 hectares de vinhedos em cultivo. Dois fatores foram críticos na geração desse processo: a Prohibition Law (lei seca contra bebidas alcoólicas) e a Filoxera (praga que ataca as raízes das videiras matando-as). Completou o quadro a grande depressão econômica mundial.

Um detalhe interessante sobre o mal causado pelo falso moralismo dos puritanos foi que até 1968 era proibido consumir bebidas alcoólicas em trens, até 1969 nos teatros, até 1970 nos aeroportos e, pasmem, até 1971 nas boates! 

Por seu turno, uma consequência da Filoxera foi o aumento de vinhedos de híbridas americanas (tolerantes à praga), atingindo  em 1960 cerca de 60% da área de videiras que não chegava a 400 hectares. A partir daí ocorreu uma reação nacional e os vinhedos foram sendo aumentados vertiginosamente porém, com reversão total da composição disciplinada por normativa legal: 1970 - 1470 hectares - 57% viníferas; 1975 - 2.350 hectares - 72% viníferas; 1980 - 4.850 hectares - 91 % viníferas; 1986 - 5.550 hectares - 95% viníferas.

Atualmente a área plantada ultrapassa 6.000 hectares com quase total paricipação das viníferas, predominando Chardonnay, Sauvignon Blanc, Cabernet Sauvignon, Merlot e Pinot Noir. 


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