quinta-feira, 11 de outubro de 2012

AFRICA DO SUL - HISTORIA DE BONS VINHOS


Em 1488, naus portuguesas comandadas por Bartolomeu Dias conseguiram dobrar o Cabo da Boa Esperança e suas turbulências, tocando o início do Oceano Índico.  Nove anos depois, em 1497, outro navegador português, Vasco da Gama, descobre a rota para as Índias, inaugurando um novo ciclo mundial de viagens maritimas, um grande fluxo de caravelas.

Os holandeses, grandes comerciantes, logo perceberam que a demorada viagem ao longo das costas africanas iria necessitar de postos de suprimentos vitais, especialmente  na sua posição intermediária, ou seja, no próprio Cabo.

Sem perda de tempo, a 6 de abril de 1652, a holandesa Companhia das Índias Orientais, através do comandante Jan Van Riebeck, implantou na região a Cidade do Cabo um posto comercial permanente, especializado no abastecimento das naus com água e outros víveres indispensáveis aos embarcados. A colonização da região não era o primeiro objetivo.

Como não se entendeu com os Khoikhois (Hottentots), fez guerra a este povo, aprisionando seus líderes em Robben Island, liberando a área para exploração.

A vitivinicultura sul-africana nasceu por iniciativa do próprio Jan van Riedeeck, que estabeleceu em Table Bay, Cidade do Cabo, os primeiros vinhedos que, numa iniciativa pioneira, deram não mais do que vinhos rascantes e adstringentes.

Esta realidade só veio a se alterar quando, em 1685, o governador Simon van der Stel formou 750 hectares de vinhedos de Moscatel na sua propriedade de Groot Constantia, nas proximidades da cidade do Cabo, concretizando aquela zona vinícola.

Em 1668, chegam cerca de 200 famílias de hughenotes, fugindo da perseguição religiosa na França, instalando-se mais para o interior, onde atualmente fica a localidade de Franschoeck, trazendo consigo toda a cultura e os conhecimentos da elaboração de vinhos, que foram aplicados também em Groot Constantia.

Quase um século mais tarde, em 1778, a região de Constantia voltou a ser palco de importantes lances na viticultura quando Hendrick Cloete, ambicioso empreendedor, comprou um vinhedo de Moscatel e, a partir dele, deu início à produção dos vinhos de sobremesa  Vin de Constance.

O Vin de Constance prontamente invadiu como modismo os requintados salões aristocratas europeus. O poeta francês Charles Baudelaire tinha o Vin de Constance como sua preferência. Outro famoso consumidor foi o soldado-imperador Napoleão Bonaparte que, após ser derrotado, teve que amargar o exílio na minúscula Ilha de Santa Helena, a meio caminho da África do Sul.

Essa ilha não tem praias e a sua capital, Jamestown, fica incrustada entre inexpugnáveis paredões de rocha.

Vigiado rigorosamente pelo exército inglês e isolado de tudo e de todos, Napoleão escolheu e encontrou no Vin de Constance um refrigério para trazer-lhe recordações da boa vida nas cortes européias, até morrer, aos 51 anos.

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