domingo, 21 de outubro de 2012

VINHO BIODINÂMICO BRASILEIRO - EM SANTA CATARINA COM SUSTENTABILIDADE


Sustentabilidade é uma palavra imperativa e indispensável para um planeta que está abrigando nada mais nada menos do que 7 bilhões de seres humanos, infelizmente, seus maiores pedradores.
O que vem a ser sustentabilidade?

A sustentabilidade é um foco de carater sistêmico, englobando condições relacionadas com a manutenção dos aspectos culturais, sociais, ambientais e econômicos.

Dentro desse contexto, a vitivinicultura catarinense forma um universo ainda em evolução para condições gerais efetivas de sustentabilidade e, dentro dele, já é possível destacar alguns participantes com grande avanço na questão.
Uma das formas de se trabalhar uma vinícola na direção da sustentabilidade ambiental é abandonar as práticas tradicionais de viticultura química e avançar para a agricultura orgânica ou, mais sofisticada ainda, para a agricultura biodinâmica.

Nas boas condições climáticas oferecidas pelas altitudes catarinenses podem ser identificadas áreas promissoras para a aplicação da agricultura orgânica e da biodinâmica.
Aproveitando-se dessas potencialidades, vem trabalhando o engenheiro agrônomo e enólogo Jefferson Sancineto Nunes, um especialista vitivinícola, na condução dos vinhedos da jovem e pioneira Vinícola Santa Augusta, nos altos de Videira (11.04 ha) e de Água Doce (5,53 ha).  


A Vinícola Santa Augusta (VSA) é comandada pelas primas Taline e Morgana De Nardi, que em outubro de 2010 receberam do Jefferson a idéia de iniciar  a reconversão dos vinhedos das duas propriedades para o manejo biodinâmico, uma vez que a VSA já vinha trabalhando nos seus vinhedos com tratos culturais de natureza orgânica.
Havia um conceito firmado no segmento vitivinícola de que a biodinâmica seria um maneja que não iria funcionar nas condições genéricas brasileiras.

As proprietárias da VSA vinham implantando a preparação dos vinhedos para a máxima interpretação de cada um dos dois terroirs, com produção equilibrada de uvas de alta qualidade para produção de vinhos de alta gama.

Em 2011, como parte da sustentabilidade da viticultura implantada, deram início aos trabalhos da reconversão dos vinhedos para a filosofia biodinâmica, fazendo a aplicação do preparado PB-500 (chifre-esterco) com o objetivo claro de revitalizar os solos no outono e na primavera.
A poda seca, o desbrote, a desfolha, a remoção de feminelas, a desponta, a aplicação do preparado PB-501 (chifre-sílica) enfim, todos tratos culturais do vinhedo  foram conduzidos dentro do período ideal marcado pelo calendário biodinâmico.

Para o tratamento preventivo contra as doenças fúngicas foram feitas pulverizações regulares com o uso de chá de cavalinha e, depois, com o emprego do sulfato de cobre, produto milenar, natural, que tem aplicação autorizada na viticultura biodinâmica.
Durante todo o ciclo vegetativo do vinhedos o solo entre plantas foi mantido limpo por meio de capinas manuais, e a reação das videiras acompanhada minuciosamente para identificar qualquer problema.

Outro aspecto fundamental vem da sustentabilidade social que diz respeito ao pessoal diretamente envolvido e as pessoas das circunvizinhanças. A compreensão e o engajamento na causa da biodinâmica constroem o corpo social da filosofia, reunindo esforços dos proprietários, funcionários, vizinhos e clientes. Por exemplo, quem está dinamizando um preparado deve cuidar de trabalhar com  quantidades, condições, diluição e mistura corretas a fim de não gerar problemas de impacto.
Em termos de sustentabilidade ambiental a questão fica muito clara pela redução significativa dos fungicidas e pela eliminação do uso de herbicidas desde o início da reconversão e para todo o sempre, elementos químicos de alta agressividade contra o ambiente e nocivos para o próprio homem.


Em março deste anos foi feito um acompanhamento das uvas ainda não totalmente maduras e os parâmetros técnicos apresentaram-se muito bons. Um vinho de teste elaborado em junho com as castas Cabernet Sauvignon e Cabernet Franc, desenvolveu sua fermentação alcoólica com cinétca de fermentação bem regular, ausência de pirazina e aroma bem frutado. O vinho mostrou grande estrutura, taninos de qualidade, cor muito intensa.
Com esses predicados preliminares é possível antever-se o primeiro biodinâmico brasileiro como um vinho de alta gama que, certamente, esbanjará sustentabilidade econômica!

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