segunda-feira, 29 de outubro de 2012

VINHO BRASILEIRO DE ALTITUDE - SEMPRE SURPREENDENDO

 
As videiras são plantas sitemáticas que obedecem naturalmente a um ciclo produtivo anual. Este começa com a água (chuva) que interrompe a hibernação da videira dano início a mais um ciclo de produção, com vegetação e frutificação. 

Colhidas as uvas, a videira volta a se direcionar para o descanso entre ciclos, perde as folhas e entra em dormência anual.

Nas regiões de clima seco, como é o caso do nosso Nordeste,  os vinhedos são acordados por irrigação com água retirada do rio São Francisco.Se o viticultor resolver, pode fornecer água, uma duas, três vezes ao longo do ano, assim, obtendo de duas a duas e meia safras anuais. Isso é ótimo para se produzir quantidade e péssimo porque resulta em uvas de menor qualidade. A maior vantagem deste tipo de clima é que o viticultor iiriga planejadamente o vinhedo e tem uva fresca para colocar nas mesas européias em pleno rigor dos invernos de lá.
 
Por sua vez, as regiões úmidas do Rio Grande do Sul, caso da Serra Gaúcha, os produtores de vinho têm um grande problema para trabalhar a maturação das uvas - se colhida no momento limite em que o clima da região permite, a maturação será insuficiente e as uvas não resultarão em muito bons vinhos finos. Caso persista em deixar a uva na parreira para atingir um amadurecimento completo, a chuva induz a ocorrência das doenças próprias da umidade que vão sua sanidade definitivamente. 
 
Outra situação importante acontece nas altitudes, o ciclo anual se arrasta por mais tempo, e as chuvas ficam bem para trás em relação ao período final do amadurecimento e da colheita. Assim, lá pelo mês de maio se tem uvas com o amadurecimento completo, polpa com grande concentração de açúcares e casca com polifenóis realmente maduros. São os casos de Muitos Capões (RS) e do planalto catarinense.
 
São Joaquim é a porta de entrada das áreas de altitude de Santa Catarina e exibe uma vitivinicultura recente, com tipicidade e já plenamente vitoriosa.

Recebi duas amostras de São Joaquim que realmente surpreenderam meu grupo de degustação pela fineza e qualidade.
 
Vigneto - Sauvignon Blanc - safra 2012 - Vinícola Pericó - um varietal de muita personalidade, cuja tipicidade traz os traços de São Joaquim (SC), compondo um buquê vegetal sobre fundo frutado a frutas brancas como pêssego e pêra, na boca mostra bem a origem através de untuosidade que preenche em boa intensidade a boca e explode nos toques aromáticos já percebidos. Agradável e persistente. Um excelente exemplar da casta.

Cave Pericó - espumante Nature - safra 2010 - elaborado pelo método tradicional (Champenoise),perlage rico, intenso e persistente, cujas bolhas minúsculas sobem à superfície espraiando-se na forma de uma marcante  coroa de espuma, aromas delicados e bem definidos, lembrando brioches e outras confeitarias, sutil tostado sobre tons amanteigados, acidez presente e bem equilibrada com os sutis toques de suavidade, álcool presente sem predomínio, final de boca agradável e de longa persistência. Um Nature de alta qualidade. 

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