quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

CADEIA PRODUTIVA DA UVA E DO VINHO SELA ACORDO PARA MODERNIZAÇÃO

Fruto de uma série de reuniões e de debates entre as entidades representativas dos produtores de uva, cooperativas, vinícolas e processadoras de suco, o setor assinou na noite desta terça-feira (17), na sede do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Flores da Cunha, um acordo que visa estabelecer diretrizes para modernizar e qualificar a produção vitícola e seus derivados no Rio Grande do Sul. Os termos do documento visam estimular o agricultor a fornecer uvas com melhores padrões de sanidade e maturação, proibindo o uso da fruta com baixo teor de açúcar para elaboração de suco de vinhos. Na outra ponta, visa fortalecer os vínculos das vinícolas com seus fornecedores a fim de dar garantias de recebimento e pagamento da safra. Assinaram o acordo o Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), a União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra), a Federação das Cooperativas Vinícolas do Rio Grande do Sul (Fecovinho), a Associação Gaúcha de Vinicultores (Agavi), o Sindicato Rural Patronal e a Comissão Interestadual da Uva.
 
“O documento demonstra que as entidades têm toda a boa vontade de buscar uma condição melhor por meio de um denominador comum. O mais importante neste momento é que saímos alinhados sobre a necessidade focarmos na qualidade seja por parte do produtor de uva, da indústria e do mercado”, declarou o presidente do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), Alceu Dalle Molle. “Sempre pregamos a qualidade, mas agora estamos colocando no papel algo que é de suma importância para o futuro do setor. Este é o primeiro passo de muitos que iremos dar de forma conjunta”, salientou o presidente da Comissão Interestadual da Uva, Olir Schiavenin.
 
Uma tabela com a graduação mínima para recebimento das uvas pelas empresas apresenta valores progressivos até 2017. Em cinco anos, a moscato branco para elaboração de espumantes não poderá ter menos que 14 graus babo e as demais variedades viníferas, 18 graus babo. Já nas variedades destinadas ao suco de uva e vinhos de mesa, a graduação mínima estabelecida é de 14 graus para a bordô e de 15 graus para as demais americanas e híbridas.
 
O documento também estipula que as vinícolas empreendam esforços na realização de contratos de longo prazo e de prestar assistência técnica a seus fornecedores, assim como agilizar o recebimento da uva no momento da entrega pelos produtores. “Este acordo vai ao encontro do plano de ajuste e modernização proposto pelo setor vitivinícola que prevê investimentos de R$ 200 milhões em vinhedos, na parte de elaboração e no mercado nos próximos quatro anos”, explica o presidente da União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra), Henrique Benedetti.
 
O ajuste é positivo para todos os lados, pois vamos dispor de produtos de melhor qualidade para o consumidor já que retira do mercado os sucos e vinhos produzidos com uvas de baixa qualidade. Ao mesmo tempo, estimula o produtor a investir em tecnologia e modernização, pois ele receberá uma remuneração maior”, acrescenta o presidente da Associação Gaúcha de Vinicultura (Agavi), Eumar Viapiana.
 
O documento assinado na presença do diretor de Política Agrícola e Informações da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab/Dipai), Silvio Isopo Porto, ainda estabelece compromissos para a União e o governo do estado na intensificação do uso de políticas públicas de garantia dos preços mínimos e de escoamento da produção para equilíbrio dos estoques. Para garantir que os termos do acordo sejam cumpridos, as instituições se comprometeram a buscar junto aos órgãos governamentais a priorização do acesso aos recursos das políticas públicas às empresas e viticultores que estejam cumprindo as regras estabelecidas.
 
“O acordo é um passo para a produção efetiva de qualidade, pois foi amplamente discutido entre todos. Sabemos que ainda não é o suficiente para atender aos diferentes interesses da cadeia produtiva, mas o mais importante é que o setor está unido, sabendo respeitar as diferenças naturais que existem”, comentou Porto. “Este é um acordo feito entre o setor privado e que o governo vê com muito bons olhos”, concluiu o representante do governo federal.
 
Nas próximas semanas os dirigentes da cadeia produtiva se reunirão novamente para estabelecer questões como o preço mínimo para a próxima safra, a tabela de ágios e deságios para a uva de acordo com o grau de maturação e variedades e o estabelecimento de prazos de pagamento da produção.

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